Rede de pizzarias está testando cardápio digital capaz de identificar preferências no subconsciente do consumidor
Drew Harwell
THE WASHINGTON POST
Ter de falar para pedir uma pizza é definitivamente coisa do passado. A rede americana Pizza Hut está agora testando uma tecnologia que permitirá aos clientes fazer seu pedido em questão de segundos, usando apenas os olhos.
Descrevendo oinvento como primeiro cardápio do mundo para o subconsciente, a gigante das pizzas vem testando desde outubro em alguns de seus 300 restaurantes na Grã-Bretanha um tablet especial com capacidade de rastrear o movimento dos olhos.
O cardápio digital exibe para os consumidores um painel de 20 sabores e monta para eles uma pizza com base nos sabores e ingredientes para os quais o freguês olhou por mais tempo. São 4.896 combinações possíveis.
Para reiniciar o processo, basta olhar para um botão que serve como uma ferramenta de reiniciar.
Finalmente os fregueses indecisos e aqueles que perdem muito tempo olhando o cardá- pio poderão poupar alguns momentos e sempre acertar no pedido, disse um porta-voz da Pizza Hut em pronunciamento, E, com isso, o foco da refeição pode sera parte mais importante: saborear a comida.
O cardápio, desenvolvido pela empresa sueca de rastreamento ocular Tobii Technology,é o resultado de seismeses de experimentos com leitores de retina e pesquisa psicológica, de acordo com a rede de pizzarias. A expansão do programa para os Estados Unidos é uma possibilidade que depende do nível de sucesso da ideia em terras britânicas.
Estratégia. Em todo o império global das empresas de fastfood, poucas investiram tanto em mudar a maneira de fazer um pedido quanto as elites da indústria americana das pizzas, avaliada em US$ 38 bilhões.
E há motivos para isso: a Pizza Hut disse que os pedidos digitais corresponderam a 40% das pizzas para viagem vendidas no trimestre passado, enquanto a Domino’s disse que os fregueses gastam mais e voltam com maior frequência quando podem fazer o pedido online.
Mas a corrida das pizzas levou à utilização de uma lista cada vez maior de tecnologias questionáveis voltadas para reduzir o tempo de espera entre a ideia de fazer o pedido da pizza e comê-la.
Os jogadores do Xbox One da Grã-Bretanha podem dizer Domino’s, feed me (Pizzaria Domino’s, me alimente, em português), e o console ativado por voz envia imediatamente um pedido ao restaurante. Centenas de milhares de fregueses da empresa usam a função de pedido por voz do aplicativo da rede para celulares.
Será que o tablet representará o fim da era do cardápio de papel, como espera a Pizza Hut?
Para os analistas, isso parece pouco provável. Olhar para uma foto de peperoni durante segundos é diferente de esperar para cravar os dentes numa pizza.
Mas a tecnologia não é tão diferente daquela usada nos mecanismos de recomendação do comércio eletrônico, que tentam prever o que interessa ao comprador com base nos itens que foram pesquisados antes.
O que torna os restaurantes tão interessados nos pedidos via tablet? O fato de facilitar compras impulsivos dos quais podemos nos arrepender.
O aparelho mostra uma ampla gama de ingredientes atraentes, aumentando a probabilidade de vermos os adicionais que mais nos interessam.
E os pedidos se tornam mais fáceis e convenientes, num processo mais automatizado, com um menor número de seres humanos como intermediários e cobrando salários para fazer isso.
TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL
O Estado de S. Paulo on-line – SP