Segundo empresas de tratamento de esgoto, além da maior conscientização ambiental, escassez de água, certificações e novas tecnologias que barateiam custos são incentivos
Gabriela Murno
gmurno@brasileconomico.com.br
Depois das indústrias, o comércio principalmente shoppings centers e condomínios passaram a utilizar o reúso de água em suas plantas.
Segundo empresas fornecedoras de sistemas de tratamento de esgoto doméstico, que também oferecem soluções para a reaproveitamento da água, a opção cresceu nos últimos três anos, se intensificando a partir de janeiro com a crise hídrica.
A utilização por indústrias continua a aumentar, mas tanto condomínios residenciais como comerciais também registraram crescimento. Atuamos em todo o país, mas percebemos um aumento maior na região Sudeste. Nossa tecnologia tem como base um tratamento biológico do esgoto doméstico, sem adição de produtos químicos. Não vale para os resíduos de atividades industriais. As estações são moldadas de acordo com as necessidades do cliente, explica Diego Domingos da Silva, engenheiro da Mizumo, empresa do Grupo Jacto.
A maioria dos nossos clientes não faz reúso, o que nos abre um grande espaço para crescimento. Muitos ainda preferem descartar o esgotos nos rios ou fazer infiltração no solo, completa ele.
Em São Paulo, alguns condomínios já utilizam diferentes sistemas de reúso de água, como o Mundo Apto, na Barra Funda, zona Oeste.
A prefeitura da cidade estuda o melhor modelo de incentivo à prática e a ideia é incorporá-lo à nova Lei de Zoneamento, que começou a ser revisada em setembro.
Um projeto de lei deve ser encaminhado à Câmara Municipal até o início do ano que vem.
Outro incentivo à utilização de sistemas de reúso, afirmam as empresas de tratamento de esgoto doméstico, são as certificações ambientais.
Segundo Silva, a tendência é que a procura por soluções de reúso continue, com a conscientização das empresas e também pela chegada de novas tecnologias, que barateiam custos.
A água gerada pode ser reutilizada, por exemplo, para regar jardins e limpar pisos, diz ele.
Já a potabilização, apesar de já ser possível, ainda está distante da realidade brasileira.
A Acqua Brasilis que tem foco nos setores não industriais também vê a expansão da conscientização das construtoras e estabelecimentos comerciais para o reúso da água como um fator positivo para expansão dos negócios.
De acordo com Sibylle Muller, engenheira civil e diretora da empresa, que tem clientes como Gafisa, JHSF, Tenda, Brookfield e Odebrecht, um sistema desse tipo se paga em um ou dois anos.
Margem que se alonga para quatro ou cinco anos, no caso de consumidores individuais.
A utilização por consumidores individualmente ainda é pequena e concentrada em pessoas com mais consciência ecológica e maior poder aquisitivo, explica a engenheira.
Sibylle afirma, porém, que a falta de incentivos governamentais também fazem com que a expansão não seja mais acelerada.
A AcquaBrasilis também oferece outras soluções, como a captação de água da chuva para reúso.
Brasil Econômico – SP