27/11/2014 às 05h00
Por Alexandre Hohagen
Vivendo sob a sombra de uma economia desacelerada em 2014, nos deparamos com previsões bastante desafiadoras para o mercado brasileiro em 2015. Mesmo assim, as empresas dão sinais de que há espaço para crescimento até em tempos menos favoráveis. A chave para os profissionais, e também para as corporações, será o alto rendimento e a especialização. Será preciso fazer muito mais e a única forma de atingir alta eficiência é reunindo as competências e profissionais certos.
A atualização sempre foi e continuará sendo fundamental para os profissionais, já que as empresas buscam funcionários criativos, com poder de decisão e capacidade para contornar situações extremamente dinâmicas no ambiente corporativo. Em um mercado em desaceleração, um profissional que não reúna as qualidades necessárias para aumentar seu rendimento, e também o de sua equipe, perde espaço.
Se pelo lado do profissional é preciso encarar de vez aquela pós-graduação, curso ou certificação, pelo lado da corporação é necessário criar ou melhorar os mecanismos que valorizem essa capacidade de atualização. Além dos incentivos aos cursos, que vão desde parcerias com instituições e liberação de horários de trabalho, é preciso criar um espírito de compartilhamento de conhecimento, incentivando a troca entre áreas e a valorização do conhecimento dos indivíduos.
As empresas que possuem foco na disrupção e que buscam a inovação precisam incentivar as pessoas a participarem desse processo, alinhando os valores da corporação com essa necessidade. No Facebook, por exemplo, incentivamos os funcionários a participarem de projetos de uma forma diferente, com o espírito do “fail harder” (erre profundamente).
Estimulamos que as pessoas tomem risco em suas decisões, que sejam robustas na forma que propõem algo e que não tenham medo de fazer qualquer questionamento dentro da empresa. Para construir espaços de discussão, temos todas as sextas uma sessão de perguntas e respostas para que os funcionários esclareçam quaisquer dúvidas em relação à empresa.
Essa é só uma das formas de fazer com que todos internalizem esses valores e tentem aplicá-los no dia a dia. Isso permite que as pessoas não fiquem com medo de falhar e proponham soluções que sejam relevantes para a corporação e também para seu desenvolvimento como profissionais.
Nos últimos anos, acompanhamos um grande movimento de mercado na direção dos dispositivos móveis. Para tirar proveito dessa tendência, é necessário que a empresa tenha uma capacidade adaptativa muito grande. No caso das empresas de tecnologia, onde o espírito de startup ainda é muito forte, a capacidade de alterar políticas internas, filosofias de trabalho e valores é maior.
Ao abraçar um pouco desse espírito, as empresas se tornam mais flexíveis, permitindo que contornem adversidades com mais facilidade. Essa flexibilidade deve partir do CEO e dos gestores e chegar até os níveis mais baixos. Todos precisam reconhecer e desenvolver esse espírito. Com isso enraizado, será muito mais fácil incorporar qualquer mudança de mercado, mesmo uma tão profunda como a mobilidade.
Também é preciso valorizar individualmente o profissional que é proativo na busca por aprimoramento. Esse apoio pode surgir de várias formas. Desde a criação de indicadores de desempenho que considerem a evolução do indivíduo, até feedbacks sazonais em 360 graus, com o gestor e colegas de equipes, sobre a evolução e aplicabilidade do aprendizado no dia a dia.
Toda essa cultura de especialização também precisa andar lado a lado com o compartilhamento. Quanto mais mecanismos de troca de informações existirem para os profissionais, mais fácil será a compreensão da necessidade de aprimoramento pelos funcionários. Aqui são inúmeras as possibilidades. Desde ciclos de palestras, grupos multidisciplinares de desenvolvimento de produtos ou criação de workshops para partilhar habilidades específicas.
Para 2015, portanto, é preciso continuar estimulando equipes a trabalharem da melhor forma, com um ambiente inspirador e divertido, mas também altamente capacitado, pronto para absorver qualquer conhecimento que dê suporte ao desenvolvimento do negócio e aumente a produção com qualidade.
Alexandre Hohagen é vice-presidente do Facebook para a América Latina
Valor Econômico – SP