18/11/2014 BATISTA GIGLIOTTI – Presidente da Fran Systems e coordenador de Franquias do Núcleo de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV-CENN) O franchising faturou mais de R$ 115 bilhões em 2013. Com isso, naturalmente, dado antigos acontecimentos envolvendo outros nichos da economia, empreendedores questionam se o mercado de franquias caminha para a saturação. De forma clara, podemos afirmar que não, o franchising não está saturado, e, felizmente, trilha um promissor caminho para os próximos anos. Crescimento de cidades médias, espírito empreendedor dos brasileiros e oportunidades em diferentes nichos é o que comprova esse diagnóstico. Estudo recente revela que, na Coreia do Sul, há uma franquia para cada 20 mil habitantes. No Brasil, até recentemente, esse levantamento apontava uma franquia para 94 mil habitantes, o que mostra que esse segmento ainda possui espaço significante para crescer, principalmente nas pequenas e médias cidades. Outro fator que endossa esta percepção é que de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising, o segmento cresceu pujantes 11,9% em 2013, em relação a 2012, apesar do reduzido crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que foi de meros 2,3%. Hoje, o franchising representa 2,4% do PIB e a perspectiva é que esse percentual aumente consideravelmente a cada ano. Apesar das dificuldades de praxe das grandes cidades, há uma forte movimentação de marcas e, consequentemente, empreendedores migrando para centros menores, do interior e do litoral. As cidades médias, com população superior a 200 mil habitantes, têm se desenvolvido mais rapidamente que a média nacional, o que endossa essa tendência e faz expandir as fronteiras de conceituadas redes. Outro detalhe importante é que, nas principais capitais brasileiras, estão surgindo diversas opções para quem deseja ingressar no empreendedorismo. Centros de compras mixed-use, que começam a virar tendência, além de bairros tidos apenas como residenciais e regiões periféricas, que há pouco tempo não tinham muitas franquias, presenciaram a proliferação de diversas marcas de alimentação, consumo, higiene e serviços nos últimos anos. O setor de serviços, inclusive, se mostra a cada ano mais forte no universo do franchising. Além de transferir know-how ao empreendedor, essa modalidade não exige ponto comercial, o que, naturalmente, torna o investimento mais acessível e igualmente promissor. A aquisição de franquias em operação também se mostra uma alternativa cada vez mais utilizada no mercado. Além de vantagens como a transferência de conhecimento, uso de marca já reconhecida, ganhos de escala, troca de experiências com outros franqueados, ainda pode-se considerar: carteira de clientes consolidada e empresa reconhecida na região específica. Vale lembrar, no entanto, que não é porque é uma franquia que diferentes etapas da negociação podem ser esquecidas. Checar questões de praxe, como faturamento e lucro da unidade, se atentar aos contratos com a franqueadora, entre muitos fatores, requer atenção redobrada. Em qualquer mercado, crises econômicas sempre existirão. Como o empreendedor age em cenários de incertezas é o que diferencia o sucesso e o fracasso do negócio, franquias ou não. Enxergar oportunidades, ter planejamento e acreditar em seu potencial pode fazer a diferença para a empresa ter um futuro promissor.
Brasil Econômico – SP