16/11/2014 02h15
A venda de produtos que não se enquadram na categoria dos medicamentos, como produtos de beleza e barras de cereais, tem hoje um papel de destaque no avanço do varejo farmacêutico.
A categoria de não medicamentos, que respondia por cerca de 23% das vendas das grandes redes em 2004, neste ano corresponde a 33%.
A participação dos medicamentos nas vendas totais, por sua vez, caiu de um patamar de 77% para 67% em dez anos, números que justificam o interesse do setor por territórios além dos remédios.
“Esse grupo de não medicamentos tem crescido aqui, mas, se compararmos com mercados como o americano e o britânico, em que eles representam perto da metade do faturamento, vemos que ainda pode crescer no Brasil”, diz Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias).
“É uma categoria que ajuda a pagar os salários”, diz.
Os não medicamentos são um dos fatores de sobrevivência das farmácias pois, diferente dos medicamentos, não são submetidos a controle de preços do governo.
O comércio desses produtos subiu quase 20%. ante alta de 11,5% dos remédios.
VINHO EM FARMÁCIA
“E não é só nos EUA e no Reino Unido que esse modelo de venda de produtos de conveniência é mais desenvolvido. Países como África do Sul, Chile e Bolívia também são referências. No sul da Itália, é possível comprar vinho em farmácia”, diz Barreto.
Segundo ele, os donos de farmácias que não entenderam as mudanças de perfil pelas quais o varejo passou na última década já começaram a perder participação no mercado farmacêutico.
Muitas das farmácias menores, de bairro, que não estavam ligadas a redes e geralmente tinham pouco espaço físico para ampliar a oferta de produtos nas gôndolas tiveram de fechar as portas.
“A maior parte dos nossos consumidores são mulheres. Se entram numa farmácia hoje em dia e não encontram o achocolatado e a barra de cereal de que precisam para consumir rapidamente na rotina, vão trocar de farmácia. Elas também querem acesso a diversas marcas de xampu e hidratante. Não basta ter duas ou três opções.”
A participação de mercado das farmácias ligadas a redes é de 55%, diz a Abrafarma.
Folha de S. Paulo – SP