13/11/2014
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Maior rede de departamentos do país, a Lojas Americanas anunciou ontem plano de abertura de 800 lojas em cinco anos, que equivale a quase dobrar de tamanho até 2019. Hoje a companhia tem 893 pontos de venda no país. Os investimentos devem atingir R$ 4 bilhões no período, tornando a empresa a segunda varejista que mais investe na operação ao ano, atrás do Grupo Pão de Açúcar. O montante é o dobro do aplicado entre 2010 e 2013.
“Conseguimos atender objetivos do projeto anterior de abrir 400 lojas entre 2010 e 2013. Isso nos dá tranquilidade de saber que podemos atingir essa nova meta agora, porque já sabemos como fazer”, disse ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, Murilo Corrêa, diretor de relações com investidores da empresa.
Se o objetivo for alcançado, a Lojas Americanas terá cerca de 1,7 mil unidades e chegará a cerca de 300 novas cidades até 2019 (hoje são 320). Serão inaugurados ainda mais dois centros de distribuição. O projeto anterior, de abrir 400 lojas entre 2010 e 2013, consumiu cerca de R$ 2 bilhões.
O comunicado ocorre num momento em que o varejo não tem feito muitos anúncios de investimentos maiores. A respeito desse cenário, Corrêa disse que a empresa “enxerga oportunidades”. “Não estamos nem em 10% das cidades brasileiras”, afirmou.
A empresa ressaltou que, em março de 2014, obteve aprovação de uma linha de crédito no BNDES de cerca de R$ 1,2 bilhão. A companhia emitiu debêntures nos últimos anos para ampliar caixa. A respeito de novas captações, que possam sustentar o novo plano, e risco de uma pressão maior em níveis de endividamento, Corrêa disse que a companhia “não vê um desafio de caixa à frente”. E acrescenta que a crise financeira global de 2008 levou a rede a olhar com mais rigor os custos de suas dívidas, com alongamento do perfil de vencimentos – em 24 meses em 2010 e, neste ano, em 36 meses.
Na linha de “disponibilidades”, como saldo de caixa livre, o montante atingia R$ 2,1 bilhões em setembro de 2014 e a relação entre dívida líquida e lucro antes de juros impostos, amortização e depreciação (Ebitda) estava em 2 vezes. Em setembro de 2013, a soma atingia R$ 5 bilhões e a relação entre dívida e Ebitda estava em 1,6.
Expansões orgânicas aceleradas podem pressionar níveis de rentabilidade da operação, assim como ampliar as despesas operacionais, afetando resultados. Questionada sobre esses riscos, a empresa ressaltou que o plano de expansão anterior foi concluído sem efeitos negativos sobre os números do grupo. “Serão aberturas de novos ponto com o rigor que já aplicamos”. A margem Ebitda subiu de 17,1% em setembro de 2013 para 17,5% este ano. As despesas com vendas, gerais e administrativas representaram 15,2% da receita líquida no terceiro trimestre, versus 15,3% em 2013. O lucro líquido caiu 32,9% no período, para R$ 65,1 milhões. Já a receita avançou 18,7%, para R$ 3,65 bilhões.
A rede informou ainda que fechou contrato com a BradesCard, do Bradesco, para oferta conjunta de cartões de crédito nas lojas. O modelo é de comissionamento, no qual a operação de crédito é de responsabilidade da BradesCard. Em 2012, Itaú e a varejista encerraram parceria na criação de financeira.
Valor Econômico – SP