27/10/2014
Fellipe Aquino
São Paulo – A mudança da economia brasileira tem levado redes atacadistas a buscarem alternativas para continuar a vender. Isso porque lojistas de roupas estão diminuindo os estoques e passaram a ampliar as compras de pequeno porte.
Com investimentos em polos de moda, que reúnem várias lojas de fábrica em um único espaço, empresas do setor têm se destacado e já projetam expansão para outros estados. Entre elas está a Brascol, uma das maiores companhias do segmento infanto juvenil, que irá abrir a sua primeira unidade fora de São Paulo no próximo ano, em Goiânia (GO).
Proprietária de outros empreendimentos, entre shopping centers e hotéis – todos na região do Brás, no centro da capital paulista -, a rede conta atualmente com duas mega lojas, que passarão por um processo de reposicionamento de marca, como informou o superintendente do grupo, Antonio Almeida.
“As pessoas deixaram de fazer grandes estoques e se programam cada vez menos para fazer as compras. Com isso, cresceu a procura pelos produtos a pronta entrega”.
Com perspectiva de ampliar as operações para Minas Gerais e Pernambuco, “locais onde o mercado atacadista é forte”, o executivo afirmou que o aumento no fluxo de compradores levou a companhia a investir em serviços, já que os clientes costumam vir de longe e buscam agilidade na hora de fazer a compra.
“Hoje os nossos parceiros têm a possibilidade de fazer os pedidos na loja e receber os produtos no hotel ou até mesmo na própria loja, em qualquer lugar do Brasil”, disse.
Ferramenta
Ao implantar a tecnologia RFID nas unidades da rede – que permite a companhia fazer a leitura dos produtos por meio de radiofrequência ao efetuar o pagamento -, Almeida afirmou que o Brascol conseguiu reduzir os caixas pela metade, além de dobrar o número de vendas. “Antes o cliente ficava até uma hora na fila para fazer o pagamento. Hoje o processo demora no máximo 20 minutos”.
Com mais de cinco mil clientes na carteira, sendo que 60% estão localizados no Sudeste e Sul, a companhia conta também com serviço de televendas e no próximo ano, deve estrear o seu e-commerce destinado exclusivamente ao segmento atacadista.
“Fomos à primeira empresa, a implantar o serviço de telemarketing no atacado. Nosso objetivo é integrar todas as operações”, afirmou ele.
Sem revelar números, a projeção da companhia é manter o ritmo de crescimento visto no ano passado. Além disso, segundo o executivo, a empresa está otimista com as vendas de final de ano, já que mais de 60% do faturamento vem das vendas do segundo semestre, impulsionada pelo Dia da Criança e Natal.
Importação
Com 14 marcas próprias no portfólio, todas terceirizadas, a categoria já representa cerca de 20% do faturamento. Contudo, de acordo com a empresa, o número de marcas deve ser reduzido para nove, já que muitas possuem os mesmos produtos e acabavam concorrendo entre si. “Estamos criando um espaço voltado para o mercado infantil, aumentando a competitividade pelos preços na região”, explicou.
Questionado se os produtos importados são um entrave para a companhia, Almeida diz não estar ameaçado, já que a proporção de produtos chineses é maior na categoria adulta, onde o número chega a 20%; contra 6% no segmento infantil. “Bola da vez”, o executivo revelou ainda que a partir do próximo ano a companhia passará a importar roupas da China, o que poderá representar uma economia de até 30%.
“A China evoluiu muito em algodão. Queremos entrar no segmento de importação, mas por meio dos produtos de marca própria. Atualmente desenvolvemos nossa linha e a aceitação é boa”.
Hoje a Brascol conta com mais de 500 fornecedores diretos, entre eles a marca Brandili.Com capacidade de abrigar até 54 pequenos espaços nos shoppings atacadistas, quando as obras de modernização estiverem concluídas, a companhia já conta com 70 empresas em sua fila de espera.
DCI – SP