21/10/2014
Por Elisa Soares | Rio
Chamada de Miami brasileira, a Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio é alvo de lançamentos de condomínios e shoppings cada vez mais luxuosos. Na contramão do mercado, a construtura SIG investiu, em conjunto com BTG Pactual (35%) e a incorporadora Tao (20%), R$ 400 milhões em um empreendimento voltado para o comércio popular na Barra. O espaço inclui também escritórios, restaurantes e áreas para confecções. Em vez de arranha-céus, os prédios são baixos e largos, espalhados por 128 mil m2, com 90 mil m2 de área bruta locável. O Volume Geral de Vendas (VGV) soma R$ 800 milhões.
O empreendimento se chamará Uptown e está em fase de locação. A proposta é oferecer produtos a preços acessíveis em um espaço ao ar livre, onde o consumidor possa resolver suas necessidades a pé – uma das carências da Barra. O grupo não buscou financiamento.
“As construtoras estão criando muito do mesmo produto. O que as pessoas mais sentem falta é fazer as coisas a pé. A ideia veio a partir do meu avô, e quero criar um polo de comércio popular”, disse Schalom Grimberg, presidente da SIG. Ele é neto de um dos primeiros investidores do Saara, zona de comércio popular no centro do Rio, e se inspirou na história para desenvolver o Uptown.
A primeira fase do empreendimento foi a comercialização de 20 mil m2 – cerca de 350 unidades, vendidas a uma faixa de R$ 400 mil cada uma. Os 70 mil m2 restantes foram vendidos ao fundo público canadense PSP, que passou a deter 80%. A SIG ficou com uma fatia de 20%. Agora, estão negociando a locação com interessados.
Ao todo, espaços vendidos e alugados resultarão em 122 lojas, 241 salas comerciais e 294 “warehouses” – unidades mistas que podem reunir as confecção, loja e escritório no mesmo local.
A estratégia de Grimberg para garantir a oferta de produtos a preço baixo ao consumidor foi encurtar o caminho entre fabricantes e clientes. Para a parte alugada, negociou com o polo têxtil Moda Rio, instalado na rodovia Washington Luís, que abrirá no empreendimento o polo Moda Barra. Grimberg acertou também com a varejista Caçula, que vende de artigos para escritórios e variedades. Na praça de alimentação, segundo ele, estarão marcas como Domino’s, Koni e Spoletto.
A expectativa é que em pleno funcionamento, na segunda metade de 2015, o Uptown receba 50 mil pessoas por dia. O empreendimento é cercado. Com segurança e estacionamento, recria aspectos do comércio de rua: as vias serão nomeadas, haverá faixas de pedestre, bancas de jornal e de flores e espaço para feiras de alimentos ou de antiguidades.
Valor Econômico – SP