15/10/2014
Por Adriana Meyge | De São Paulo
Os três maiores grupos de farmácias do país – Raia Drogasil, Drogaria Pacheco São Paulo (DPSP) e Pague Menos – devem inaugurar 350 lojas no país este ano e manter o ritmo de expansão em 2015. Seus executivos afirmam que o segmento sofre menos os efeitos da desaceleração econômica que o varejo em geral e reforçam os planos de aumentar a presença nacional das redes. Enquanto a DPSP, forte em São Paulo, Rio e Minas Gerais, mira o Nordeste e o Centro-Oeste, a cearense Pague Menos ruma para o Sudeste.
A receita do setor este ano deve crescer a uma taxa bem próxima à de 2013. Sérgio Mena Barreto, presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), projeta uma alta de 14%, considerando o faturamento das 29 maiores redes do país. No ano passado, o aumento foi de 15,3%, para R$ 27,8 bilhões. No mesmo período, o lucro líquido do varejo farmacêutico, descontada a provisão do imposto de renda, subiu 26,3%, para R$ 520,5 milhões. Barreto e os principais executivos da área se reuniram ontem no seminário Abrafarma Future Trends, em São Paulo.
“Nós não acreditamos em crise”, afirmou o presidente da Pague Menos, Francisco Deusmar. Ele prevê que a receita da companhia cresça 18% este ano, para R$ 4,4 bilhões. A taxa só deve ficar abaixo dos 20% previstos inicialmente devido às vendas baixas no período da Copa do Mundo, que afetou o varejo em geral.
A rede tem 722 lojas no país e o plano é chegar a mil até 2017. A ideia, segundo Deusmar, é que, no médio prazo, o Nordeste diminua a participação na receita, dos atuais 55% para aproximadamente 40%. Já a fatia do Sudeste deve passar de 15% a 30%.
Individualmente, uma loja da rede no Sudeste vende mais do que uma unidade no Nordeste, segundo o empresário, em razão da renda mais elevada da população. A construção de um novo centro de distribuição em Goiânia, inaugurado este ano, vai facilitar o abastecimento da região. A Pague Menos abriu 96 lojas no país em 2013 e 87 este ano (e fechou sete).
Gilberto Martins Ferreira, presidente da Drogaria Pacheco São Paulo disse que o varejo farmacêutico está saindo de um modelo regional para se tornar nacional. A DPSP, por exemplo, se expande com foco no Nordeste e Centro-Oeste. No ano passado, chegou a Goiás e, este ano, ao Distrito Federal, com a marca Pacheco. Ao todo, a companhia pretende abrir 140 lojas até dezembro – hoje são 900. Segundo Ferreira, o plano é repetir esse número de inaugurações pelos próximos três a quatro anos.
Ferreira disse que as drogarias são menos afetadas pelo momento econômico atual, por venderem, em grande parte, produtos considerados essenciais, como medicamentos e itens de higiene pessoal.
O executivo afirmou ainda que a DPSP não busca aquisições e tampouco tem interesse em vender o negócio. “Nosso foco é efetivamente o crescimento orgânico.” Questionado sobre a proposta de compra que teria recebido da gigante americana CVS este ano, Ferreira disse que a DPSP “é uma empresa sadia, com crescimento alto e vive sendo assediada”. A companhia teve receita líquida de R$ 5,5 bilhões em 2013 (alta de 14%) e lucro de R$ 186,6 milhões, um aumento de 24%.
A líder do setor, Raia Drogasil, também está apostando em sua expansão no Nordeste. Ontem, o presidente da companhia, Marcílio Pousada, disse que o primeiro centro de distribuição da companhia no mercado nordestino “provavelmente será” no Recife. Este será o sétimo armazém da empresa e deve ser aberto em 2015.
Com 1.040 lojas no país, a rede espera encerrar 2014 com 130 pontos a mais do que no ano passado. Já foram abertas 80 e as outras 50 unidades estão contratadas, segundo Pousada. O executivo disse que ainda não tem o planejamento para 2015, mas que o ritmo de aberturas deve ser semelhante ao deste ano.
Já a BR Pharma, quarto maior grupo do setor, controlado pelo BTG Pactual, deve abrir cerca de 40 lojas em 2015. Segundo seu presidente, José Ricardo Silva, há 11 pontos em análise. Em 2014, a rede não inaugurou unidades. A companhia busca se recuperar depois de o processo de integração de negócios comprados – ela tem cinco redes de farmácias – ter afetado os resultados.
No segundo trimestre do ano, a companhia registrou crescimento 13% na receita líquida, mas apurou prejuízo de R$ 143,1 milhões. Silva disse que os resultados do grupo começam a melhorar, mas que a situação financeira deve estar equacionada mais para o ano que vem.
Questionado sobre as especulações de negociações para venda de uma fatia do negócio à americana Walgreens, por meio da rede Boots, Silva disse que é natural que haja interesse na companhia, mas que, do ponto de vista do acionista (o BTG), não faria sentido vender pelo preço que as ações se encontram hoje.
A Brasil Pharma é dona das redes de lojas próprias Sant’Ana (Bahia), Big Ben (regiões Norte e Nordeste), Rosário (Centro-Oeste) e Mais Econômica (Sul) e controla a Farmais, de franquias. Ao todo, tem 1.219 lojas no país. Em 2013, a companhia fechou 40 pontos de venda e este ano, “menos de 10”. “Estamos fazendo um trabalho de revisão das lojas”, afirmou o presidente.