Por Milena Felix | A economia brasileira gerou 1,023 milhão de postos de emprego com carteira assinada no primeiro semestre de 2023. O dado representa uma queda de 26,25% em relação ao período de janeiro a junho de 2022. No primeiro semestre do ano passado, foram criadas 1,388 milhão de vagas. Os dados constam no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), atualizado pelo Ministério do Trabalho. Em junho, houve um saldo positivo de 157,1 mil postos de trabalho com carteira assinada, o que é 44,8%menor em relação ao mesmo mês de 2022, quando foram registrados 285 mil postos em saldo positivo.
Para falar sobre o assunto, a Central do Varejo conversou com o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra. Acompanhe a entrevista logo abaixo:
A geração de emprego caiu no Brasil no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período em 2022. Esse cenário se repete no varejo?
A gente tem que diferenciar os índices. Tem o do IBGE, que considera as pessoas economicamente ativas no Brasil, e tem o índice do Caged, que considera só carteira assinada. Enquanto o IBGE mostra uma população desempregada de cerca de 8%, o do Caged é de 40%, deixando de lado, por exemplo, prestadores de serviços, micro e pequenos empreendedores, dentistas (por exemplo), e todas as pessoas que não têm uma azulzinha assinada.
O que está acontecendo, na verdade, é uma desaceleração na geração de emprego, mas o saldo ainda é positivo. Ou seja, não estamos demitindo, estamos gerando emprego, só que em menor ritmo que no mesmo período do ano passado.
Qual é a importância do varejo na geração de emprego no Brasil?
Isso vai depender do que estamos considerando varejo. Existe o conceito de varejo restrito e ampliado. O varejo é Business To Consumer (B to C), ou seja, tudo que é vendido/prestado de um CNPJ para uma pessoa física, de acordo com a definição do IBGE. No varejo ampliado, também consideramos os postos de combustível, e a venda de veículos. Nesse conceito mais abrangente, 1 em cada 4 vagas de emprego no Brasil são geradas pelo varejo, aproximadamente. Nós temos esse impacto aí de por volta de 25%.
O uso do MEI tem sido comum no varejo?
Não. A maioria dos varejistas são micro e pequenos empreendedores, e em poucos casos é permitida a contratação de prestador de serviço para trabalhar nas empresas varejistas. O único caso que a legislação permite é em salões de beleza, em que os profissionais podem ser MEI parceiros da empresa.
Quais setores da economia têm apresentado maior crescimento na geração de empregos?
O varejo tem alguns setores que estão mais e outros menos resilientes. Os que estão piores, são aqueles que sofrem mais com a taxa de juros. Por exemplo, Magalu, Casas Bahia, o varejo de carros, sem crédito, contratam menos, e podem até estar tendo demissões. Por outro lado, aqueles varejistas mais ligados aos empregos mesmo, como supermercados e farmácias, estão mais otimistas e resilientes, e podem estar gerando mais empregos.
Qual é a tendência das vagas de emprego no varejo?
A geração de emprego pelo varejo no Brasil também teve uma diferença entre regiões, porque a economia foi muito movimentada nos últimos meses pelo agronegócio. Então regiões mais ligadas a essa atividade, como o Centro-Oeste e algumas parte da região Sul foram mais privilegiadas.
Fonte: Central do Varejo