Um mercado múltiplo, que cada dia que passa nos surpreende pela sua evolução e desempenho na América Latina, o e-commerce, promete muito para os próximos anos. O ano de 2019 estima-se fechar com mais de 150 milhões de latinos comprando bens e serviços online, com as vendas no varejo ultrapassando os US$ 84,7 bilhões até final deste ano. A perspectiva é um aumento de 21,3% nas vendas do varejo em e-commerce para 2020, segundo dados do Crunchbase. O fato é que os latinos começaram a adquirir uma grande quantidade de serviços primários e estão mais conectados.
No Brasil, segundo estudo recente do Euromonitor e PayPal, até 2020, esse mercado sairá do patamar dos US$ 19,5 bilhões para US$ 28 bilhões, o que corresponde um aumento de 43,5%. Um bom exemplo é o Magazine Luiza, que anunciou essa semana, sua empresa de pagamentos, a Magalu Pagamentos, que faz parte de uma estratégia de criação de serviços para o varejo digital. A spinoff vai oferecer serviços financeiros para clientes e vendedores de seu marketplace. Ela segue a linha com a estratégia dos Super App’s, que inclusive venho falando muito sobre no meu Instagram e LinkedIn, como por exemplo o WeChat, Rappi e o Alibaba. O presidente da Magazine Luiza, Frederico Trajano, resolveu implementar a estratégia depois que fez uma viagem à China, ao se deparar com um país totalmente digitalizado em que as empresas conseguem traçar estratégias competitivas em ambos canais: físico e online, o que chamamos de estratégia omnichannel.
Por falar em China, hoje trata-se da maior referência de e-commerce do mundo. Em 2017, a China tinha mais de 750 milhões de usuários na internet e uma penetração de quase 55%, o que corresponde a um crescimento de cerca de 40% ano ao ano e transaciona mais de US$ 1 trilhão. O mercado de varejo online deverá crescer de 17% a 25% até 2020, de acordo com estudo da consultoria PwC. Outros mercados asiáticos, como a Índia, estão no caminho de seguir essa mesma trajetória. Mas como tudo, eles também começaram do zero. O varejo por lá começou seu processo de inovação copiando modelos de negócios de empresas como a Amazon. Depois veio o investimento massivo em tecnologia e logística no mercado local. A digitalização das empresas chinesas foi inspirada em cases de empresas de tecnologia, como o WeChat e o app TikTok, que monetizaram suas infraestruturas, fornecendo sistema de dados e nuvens para negócios privados e públicos. Ou seja, a tecnologia virou o “core business” (ou negócio principal) das empresas de varejo. Agora, quem leva vantagem são aquelas empresas que buscam parcerias que trazem mais valor e potencial tecnológico aos negócios.
No caso dos países latinos e emergentes, e especificamente do Brasil, apesar de todo esse crescimento e oportunidades, com um mercado de 6 milhões de varejistas brasileiros e com um potencial de faturamento de R$ 1,2 trilhão, segundo dados da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), precisamos vencer vários desafios introdutórios, como: uma maior abrangência da banda larga no País, a necessidade de criação de medidas de segurança cibernética e investimento em infraestruturas locais. Todos esses aspectos são importante para promover maior conectividade. Pois apenas 50 mil varejistas brasileiros possuem operações online. Medidas de segurança aprimoradas significam clientes com mais confiança para comprar.
O que vemos é que tanto as startups quanto as instituições financeiras estão imprimindo uma nova lógica de mercado e mais opções de pagamento móvel em toda a América Latina, o que vem atraindo investimentos estrangeiros, trazendo mais inovação e competitividade a esse mercado. As startups financeiras, as fintechs, atraíram US$ 600 milhões em investimentos e financiamentos de fundos somente em 2017. Em 2018, esse número cresceu para US$ 1,1 bilhão, quase dobrando os valores do ano anterior, segundo relatório “Fintech na América Latina 2018”. E esse movimento é consequência direta da influência de consumo dos Millenials e geração Z. Ainda segundo dados do Cruchbase, dois terços de todos os usuários da internet têm menos de 35 anos e a América Latina é uma das regiões que mais crescem em termos de uso de smartphones. São indivíduos que confiam mais na tecnologia, e 32% consomem através dos cartões de débito e crédito. Isso explica o porquê empresas de outros segmentos estão inserindo serviços financeiros em seus portifólios.
Portanto, para competir nesse segmento, as marcas precisam apostar essencialmente em usabilidade, personalização, segurança, experiência do usuário e em novas tecnologias, como reconhecimento de voz, para indicação de produtos direcionados pelo perfil do consumidor. Lembre-se: mercado evolui, consumidor evolui junto, o que impacta diretamente na decisão de compra.
Fonte: Gazeta do Povo