24/02/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
A Brasil Pharma, braço de varejo de farmácias do banco BTG Pactual, estuda formas de gerar caixa e recuperar o negócio e uma das opções é se desfazer de ativos, apurou o Valor. A companhia passou a oferecer para grupos rivais algumas de suas redes de farmácias, como a Mais Econômica, com pouco mais de 180 lojas no Sul do país, e a Big Ben, um dos melhores negócios da empresa, com cerca de 250 pontos no Norte e Nordeste. A falta de interessados, a um preço considerado “justo” pelo BTG, e a existência de poucos ativos considerados atraentes pela mercado pode impedir que uma negociação aconteça, apurou o Valor. A BR Pharma nega que suas redes estejam à venda. Ontem, as ações ordinárias da empresa fecharam o dia com preço abaixo de R$ 1 a R$ 0,92. Neste ano, o papel perdeu 64% do valor. Segundo uma fonte a par do assunto, a companhia sondou, nas últimas semanas, varejistas concorrentes e grupos estrangeiros para verificar quais ativos têm interesse maior do mercado. Como não seria possível se desfazer apenas dos pontos ou de redes com os resultados mais fracos, até porque não renderiam caixa necessário, a rede passou a considerar a possibilidade de colocar na mesa a Big Ben. A BR Pharma ainda teria uma dívida em aberto com os sócios da Big Ben, relacionada à parcela da aquisição anunciada em 2011. A separação dos negócios entre BR Pharma e Big Ben pode não ser algo tão complicado, já que a integração das redes não está completamente finalizada. A Big Ben, até agora, comandada por Raul Aguilera, não está unificada aos sistemas operacionais do grupo. É uma empresa que representa uma parcela significativa das despesas e ainda possui uma estrutura administrativa independente. Em relação à Mais Econômica, a análise é de que o negócio, com sede no Rio Grande do Sul, estaria reagindo mais devagar às ações de integração da empresa e passou a ser uma opção de venda. A Brasil Pharma somava em setembro de 2014, data de publicação do último balanço, cerca de 1,2 mil lojas, sendo 486 franquias da cadeia Farmais (maioria no Sudeste), além da Farmácia Sant’ana, no Nordeste, e Rosário Distrital, no Norte e CentroOeste. Essas operações ficariam dentro da BR Pharma. Nas últimas semanas, começaram a circular informações de redes que poderiam ter avaliado os negócios da Brasil Pharma. Entre essas empresas estariam a americana Walgreens e a Extrafarma, rede do grupo Ultra, dono da rede de postos Ipiranga. Porém, segundo uma fonte a par do assunto, não há proposta formulada para a aquisição dos negócios do grupo hoje. “O problema é que eles [Brasil Pharma] não queriam se desfazer só de um negócio em melhor situação e ficar com outros. E há lojas ali que não interessam. Além disso, quem ficar com Big Ben, precisa dividir o comando com os Aguilera”, diz uma fonte. A Brasil Pharma passou a enfrentar uma série de dificuldades após tomada de decisões estratégicas erradas anos atrás. Ações tem sido tomadas, mas após recente aumento de capital dos controladores e uma série de financiamentos de bancos, a empresa mantém nível alto de alavancagem, o que estaria exigindo novos aportes. Mas o BTG não quer colocar mais dinheiro no negócio, apurou o Valor. Há menos de um mês, a agência de risco Mood’s rebaixou a nota de risco da empresa.
Valor Econômico – SP