11/02/2015 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A Ambev anunciou ontem um acordo para adquirir a micro cervejaria mineira Wäls e informou que avalia fazer outros negócios do tipo, mantendo como alvo cervejarias artesanais. A estratégia acompanha a linha adotada nos Estados Unidos, onde a AnheuserBusch InBev (AB InBev) foi às compras para recuperar mercado. Nos últimos três meses, a AB InBev comprou nos Estados Unidos a Elysian Brewing, cervejaria artesanal com operação em Seattle& 894; a 10 Barrel Brewing, do Oregon& 894; e a Blue Point Brewing, de Nova York. Juntas, essas cervejarias produzem 500 mil barris por ano, ou 0,25% do total consumido nos EUA. As marcas artesanais ganharam importância no mercado americano, chegando a responder por 12% das vendas de cerveja. No Brasil, as cervejas artesanais têm uma participação pequena, próxima a 1%, segundo a Euromonitor, mas as vendas crescem em torno de 40% ao ano, enquanto o mercado total de cerveja cresceu 5% no Brasil no ano passado. “É difícil dizer se a operação fechada com a Wäls é parecida com as compras da AB InBev nos Estados Unidos. Mas o foco é desenvolver marcas no segmento de cerveja artesanal” disse Daniel Wakswaser, diretor de marketing da Ambev. Wakswaser acrescentou que a Ambev pode fazer outros acordos no segmento. “Eventualmente a Ambev pode se associar a outras empresas. A companhia estuda as tendências de consumo e percebe que as pessoas têm mais interesse nas cervejas artesanais”, disse. Pelo acordo firmado, a microcervejaria Wäls vai se unir à Cervejaria Bohemia, dando origem a uma nova empresa, cujo nome é mantido em sigilo. Os ativos da Wäls, que incluem a marca e uma fábrica em Belo Horizonte, serão integrados aos da Cervejaria Bohemia, que inclui uma fábrica em Petrópolis (RJ). Os donos da Wäls, Tiago Carneiro e José Felipe Carneiro, terão uma participação acionária na nova empresa. A Ambev não divulgou o valor do acordo. A Wäls faz parte de um grupo econômico com faturamento anual de aproximadamente R$ 9 milhões e produz 500 hectolitros de cerveja por mês. Tiago Carneiro, sócio da Wäls, disse que vai acelerar o desenvolvimento de inovações com a marca Bohemia e ampliar a distribuição da Wäls. Futuramente, as cervejas Wäls poderão ser fabricadas em Petrópolis. A Ambev não é a única a investir no segmento de marcas artesanais. A rival Brasil Kirin vai colocar no mercado neste mês três cervejas artesanais. Nos nove primeiros meses de 2014, as vendas da Brasil Kirin cresceram 2,7%, para 127,4 bilhões de ienes (US$ 1,18 bilhão). A companhia relatou dificuldades para expandir a operação país. Para este ano, Douglas Costa, vice-presidente de marketing da Brasil Kirin, disse que espera um primeiro semestre “desafiador”. “Mas ainda é cedo para prever o ano, o crescimento deve ser moderado”, disse. (Colaborou Elisa Soares, do Rio)
Valor Econômico – SP