Por Daniela Braun | As transmissões de comércio on-line ao vivo em redes sociais são quase uma obrigatoriedade para marcas que desejam ser bem-sucedidas na China. Neste ponto, a inteligência artificial (IA) tem ajudado, tanto em recomendações de produtos, como traduções em tempo real e na criação de apresentadores virtuais para as transmissões focadas em vendas.
Em um mercado de 1,4 bilhão de consumidores, que cresce rapidamente e onde marcas locais estão se fortalecendo, estratégias de vendas em redes sociais são fundamentais, disse Arnold Ma, executivo-chefe da agência de marketing digital britânica Qumin, durante o evento de inovação SXSW, em Austin, no Texas (EUA).
“Live commerce e social commerce são coisas que as marcas precisam fazer na China”, diz Ma, nesta terça-feira (12), em sua palestra “Consumidores chineses estão deixando as marcas ocidentais: Conquiste-os de volta!”.
A venda ao vivo também se aplica a marcas mais premium como a Apple, que oferece descontos ao vivo em suas transmissões, e que vem perdendo espaço para concorrentes chinesas como Huawei e Xiaomi no mercado chinês. Marcas de luxo, como a italiana Gucci, também embarcam na venda ao vivo, com hora marcada. Ao se interessar por uma bolsa da marca, o consumidor pode marcar um horário no aplicativo para saber mais e tirar dúvidas sobre o produto, disse Thomas Nixon, co-fundador da Qumin, durante a palestra.
“As lives streamings ficaram tão populares que há transmissões 24 horas por dia conduzidas por apresentadores virtuais”, disse Nixon. Ele citou dados da empresa de tecnologia chinesa Silicon Intelligence informando já ter produzido mais de 1,5 milhão de apresentadores virtuais para 40 mil operadores de transmissões de vendas ao vivo na China.
A IA é uma das chaves para destravar o potencial da computação que usa elementos de realidade virtual e aumentada, dispositivos vestíveis e software. Mas a imersão em ambientes tridimensionais ainda é restrita a poucos já que os dispositivos disponíveis são caros, lembrou a executiva Cathy Hackl, que também proferiu palestra no SXSW, nesta terça-feira (12).
Enquanto apresentava sua visão sobre o avanço desse a chamada de computação espacial, Hackl circulou um exemplar do Apple Vision Pro na plateia, observando que o óculos lançado em fevereiro por US$ 3.500,00, nos Estados Unidos, ainda é caro. “Não é um produto de consumo em massa ainda”, disse a executiva, que atua com realidade virtual há mais de sete anos e assumiu a chefia executiva da empresa de tecnologia americana Spatial Dynamics, em fevereiro deste ano. “Acredito que o Vision Pro vá levar ainda uns cinco anos para atingir um ponto de virada”.
Com o avanço da IA em ferramentas que geram imagens e áudios, a executiva prevê uma onda de novos dispositivos que unem IA generativa e computação espacial. “Há uma corrida do ouro acontecendo no Vale do Silício, agora, quando se trata de hardware. Você verá todo mundo, desde a OpenAI, até Samsung e Google, apresentando novos vestíveis como anéis, celulares, óculos, o que você quiser”, projetou. Entre os mercados potenciais para a computação espacial, além dos jogos eletrônicos e do cinema, Hackel destacou os setores de moda, varejo, saúde e educação. “Estou realmente interessada em saber como faremos compras de verdade [com os óculos de realidade virtual]. Isso, pra mim, é uma aplicação matadora”.
Fonte: Valor Econômico