Por Rodrigo Almeirda e Súzan Benites
O setor supermercadista apresentou expansão em Campo Grande em modalidade específica. De acordo com levantamento da Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (Amas), foram abertos nos últimos cinco anos 11 novos atacarejos em Campo Grande.
O número é alto, segundo a organização, levando em consideração o tamanho da Capital. Segundo especialistas consultados, a tendência é repetida Brasil afora, principalmente em cidades com regiões independentes, como é o caso de Campo Grande. A inflação também influencia na procura por opções mais baratas.
Para não perder consumidores, os supermercados precisam focar em públicos mais específicos e oferecer diferenciais, como sushi, cartas de vinho e frutas importadas, por exemplo.
Em estudo realizado pela Radar Scanntech Brasil foi revelado que, no mês de abril, o fluxo de consumidores em supermercados e atacarejos regionais voltou ao cenário pré-pandemia. A junção de atacado e varejo em um mesmo espaço é uma tendência em todo o País.
O mestre em Economia Eugênio Pavão explica que a principal ideia do formato é aproveitar a questão geográfica. “Para se aproximar das regiões populosas e reduzir os altos custos da modalidade super/hipermercado, que dificultava as compras pela distância do mercado consumidor”, disse.
“Campo Grande representa um potencial importante para o setor, com grandes vazios urbanos sendo alocados para esse tipo de negócio, levando a modalidade atacarejo para as regiões distantes do Centro, mas bem povoadas”, explicou Pavão.
Ainda de acordo com o economista, há uma limitação para a ocupação do território com os formatos de comércio de alimentos.
“O limite do atacarejo será a ocupação do território municipal e a disponibilidade de infraestrutura, sendo esta estrutura um desafio para as redes de pequenos e médios mercados”.
A rede Fort Atacadista, por exemplo, já inaugurou duas novas lojas em Campo Grande neste ano.
Segundo a Amas, Campo Grande tem 231 supermercados, sendo a inauguração da loja do Pão de Açúcar, realizada na sexta-feira, a única na Capital neste ano. Já Mato Grosso do Sul tinha até janeiro deste ano 1.124 supermercados.
O presidente da Amas, Denyson Prado, diz que, com o crescimento do número de atacarejos no Brasil, inclusive em municípios do interior, as lojas de supermercados e minimercados têm de se reinventar.
“A Amas entende que essas lojas precisam focar mais em atendimento, qualidade, sortimento e mix diferenciado, pois competir em preço com os atacarejos é difícil”, ressaltou.
Dados da Junta Comercial de Mato Grosso do Sul (Jucems) apontam que, nos primeiros seis meses deste ano, foram abertas 4.746 empresas no Estado. O diretor-presidente da Jucems, Augusto César Ferreira de Castro, diz que é possível notar uma expansão do segmento supermercadista/atacadista em MS.
“Creio que uma grande rede vem para fortalecer o segmento, o que sinaliza a questão do ambiente de negócios no Estado. Está bem consolidado, e a confiança dos empresários é possível de notar quando uma rede tão grande acredita no nosso mercado”, disse Castro.
Christiane Cruz Citrângulo, diretora de Operações do Pão de Açúcar, ressalta a boa localização da nova loja da rede.
“A gente acha que ela é muito estratégica e que a gente não poderia perder essa localização. Essa é uma loja que tem entrada aqui pela frente [Rua Maracaju] e entrada lá pelo fundo [Rua Antônio Maria Coelho]”.
Para ela, ainda há a oportunidade de reutilizar o espaço do segundo andar, com entrada para a Rua Antônio Maria Coelho. O estabelecimento em questão era um Extra Hipermercado.
“A gente fez a loja no térreo com a possibilidade de trazer novas lojas no piso de cima. Então, a gente vai conseguir valorizar muito um ponto que já é bem localizado e tem um estacionamento amplo”.
Conforme apurou o Correio do Estado, uma nova loja do Pão de Açúcar será instalada na Avenida Afonso Pena.
Denyson Prado diz que é possível enxergar um crescimento no número de supermercados. “Temos visto várias inaugurações acontecendo nos últimos anos. A rede é muito antiga, conhecida nacionalmente e uma das primeiras do ranking da Abras [Associação Brasileira de Supermercados], sendo muito fortes no quesito vendas”.
A rede Extra tinha duas lojas na Capital, sendo a primeira substituída pelo Pão de Açúcar, e a segunda vai se tornar um Assaí Atacadista, conforme fontes consultadas.
O consumo nos lares mantém a trajetória de crescimento e acumula alta de 2,02% de janeiro a maio, resultado alinhado às projeções do setor supermercadista, que prevê crescimento de 2,80% no ano, aponta o indicador nacional de consumo da Abras.
Em comparação com abril, o mês de maio registrou queda de -3,47% no consumo. De acordo com análise da entidade, o recuo se deve, principalmente, ao impacto positivo e natural causado pela Páscoa no consumo e pelo reflexo da inflação nos alimentos, que reduz o poder de compra da população.
Na comparação com o mesmo período de 2021, o consumo teve alta de 0,39%. Todos os indicadores são deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A recuperação do emprego e a recuperação da renda, junto à necessidade de aquisição de alimentos, produtos de higiene e limpeza, etc., ajudam o crescimento do consumo”, concluiu Pavão.
O médico José Neder considera que é importante valorizar os mercados locais. “Sempre passo aqui [no antigo Extra] e, com as novas variedades e qualidade dos produtos, devo vir ainda mais vezes”.
Dados da Junta Comercial apontam que, nos primeiros seis meses de 2022, foram abertas 4.746 empresas no Estado.
O setor supermercadista prevê crescimento de 2,80% neste ano, segundo a Associação Brasileira de Supermercados.
Fonte: Correio do Estado