Neste Natal a figura lúdica do Papai Noel não será a única arma dos shoppings para garantir vendas. Munidos de personagens infantis, tecnologia e maior interação com os visitantes, a meta é se diferenciar da concorrência e levar a “experiência natalina” para um patamar ainda mais alto.
Segundo a diretora comercial da 2a1 Cenografia, Danielle Paulino, existe uma percepção de que o Papai Noel em si não é um diferencial para os shoppings, já que eles estão presentes em todos os lugares. “Hoje, as empresas descobriram que o shopping é muito mais uma conveniência da pessoa que as atrações que eles têm, e dentre os 60 natais que eu estou montando, apenas três deles têm decorações sazonais. O que faz a diferença é investir em uma atividade diferente, com personagens diferentes”, comenta Danielle.
Diante do dilema de cortar custos, muitos centros comerciais aguardam o Natal para apostar todas as fichas na jornada para atrair mais consumidores. Com investimento médio entre R$ 350 mil e R$ 700 mil para a decoração, uma tendência nos shoppings este ano será fisgar o cliente através de métodos tecnológicos. “Nós temos bastante tecnologia neste Natal, com iPad, realidade virtual, para fazer com que as pessoas consigam interagir com a decoração pelo próprio celular”, acrescenta Danielle.
Para aproveitar o avanço no fluxo de clientes e o otimismo de que este seja o melhor Natal dos últimos quatro anos, as lojas e shoppings devem estar atentas ao perfil do consumidor que frequenta o local.
“O cliente está com bom humor e a intenção de compras está crescendo. Então, para aproveitar esse fluxo maior, o shopping tem que ter um diferencial, sabendo se as ações serão voltadas ao lazer da família ou ao perfil executivo. Já as vitrines das lojas devem ser atrativas e criativas para fisgar o consumidor”, orientou ao DCI a CEO da AGR Consultores, Ana Paula Tozzi. Segundo a Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas na data devem crescer 4,8% em relação a 2016.
Tradição ameaçada
O propósito com esses investimentos é diminuir os gastos com o ‘bom velhinho’. “O Papai Noel geralmente é um personagem caro. Ele fica do meio de novembro até o fim de dezembro, gerando um custo muito alto para os shoppings. Fora isso, algumas crianças hoje preferem ir ao shopping e encontrar o Bob Esponja em vez do Papai Noel”, completa Danielle Paulino.
Exemplo dessa mudança de foco no Natal, o Shopping Praça da Moça, instalado em Diadema (SP), apostou em uma decoração inspirada no filme de animação infantil norte-americano “Madagascar”, para manter as crianças entretidas entre os dias 17 de novembro e 24 de dezembro enquanto os pais fazem as compras de Natal. Além disso, o empreendimento oferece, para cada R$ 500 gastos, a possibilidade do cliente concorrer a um Renegade, carro SUV compacto da Jeep, e ganhar um panetone Panco. A expectativa do empreendimento é aumentar as vendas em 10% no período, em relação a 2016.
“Nós lançamos o nosso ‘Feliz Natal Madagascar’, que é um desenho bastante conhecido das crianças. A decoração simula o parque do filme. Em outro espaço, nós fizemos a instalação de um presépio, que atende um público mais fiel e tradicional”, afirma o gerente de marketing do Shopping Praça da Moça, Danilo Senturelle.
Se a esperança dos shoppings é inovar para atrair mais consumidores, também há empreendimentos que apostam na tradicional decoração natalina, caso do Partage Shopping Betim. “Nós temos sete shoppings e respeitamos muito a tradição local de cada um deles, então deixamos a decoração por conta deles. Em Betim, temos uma decoração com piscina de bolinhas e uma ‘casa de neve'”, diz o diretor de marketing do Grupo Partage, Julio Macedo. A estimativa do grupo, que tem shoppings em todo o Brasil, é ampliar as vendas em 10%, em relação ao Natal passado.
E a Black Friday?
Sobre a possibilidade da Black Friday, que aconteceu na última sexta-feira, ter tirado uma parte das vendas natalinas, Ana Paula Tozzi, da AGR Consultores, diz que a melhor forma de encarar a data é como um período complementar ao Natal. “A Black Friday tem um foco muito grande na oferta de eletroeletrônicos, que não são necessariamente itens de presente de Natal. Ela atrapalha o Natal quando o lojista faz muitas promoções em produtos que são para presentes e não de uso pessoal”, crava.
Fonte: DCI