Por Rejane Aguiar | Ficou no passado o tempo em que, para conseguir comprar produtos com bons descontos, o consumidor precisava ir até galpões de aparência duvidosa e garimpar prateleiras desorganizadas. A indústria de outlets se profissionalizou e passou a oferecer uma combinação de conforto com preços reduzidos. Há no país 14 unidades desses centros de compras, com quase 280 mil m2 somados, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Mais três devem ser inaugurados neste ano, e o total deve chegar a 19 em 2024.
Demanda do consumidor e necessidade do lojista de desocupar espaços na loja do shopping para novas coleções ajudam a explicar essa tendência. “Mercadoria parada na loja gera perdas para o lojista, e o outlet é uma alternativa para momentos de trocas de coleções”, diz Thiago Alonso de Oliveira, CEO da JHSF, dona do Catarina Fashion Outlet, em São Roque (SP). “Tudo o que não é perecível entra nessa lógica do outlet. Para o lojista, ele representa a possibilidade de recuperar o investimento que fez nas coleções que serão substituídas”. O Catarina, inaugurado em 2014 e parte do grupo que detém o Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, está prestes a dobrar a sua área.
Diferentemente dos shoppings, que precisam oferecer compras, ambientação, serviços e entretenimento, os outlets estão fundamentados na ideia dos descontos, principalmente de marcas conhecidas. “Mas o outlet, como ponto de distribuição de produtos de coleções passadas, também representa uma porta de entrada para os consumidores conhecerem produtos de marcas aspiracionais”, aponta o vice-presidente de operações da Iguatemi S.A., Charles Krell.
Outlets normalmente são erguidos fora das cidades, preferencialmente ao lado de rodovias. Isso facilita o acesso de compradores que saem dos centros urbanos atrás de descontos (e às vezes também para um bate e volta de fim de semana) e de turistas retornando para casa. O Iguatemi, por exemplo, apostou nessa estratégia ao selecionar as locações para os dois outlets do grupo: o Fashion Outlet Novo Hamburgo, na rodovia que liga Gramado a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e o Fashion Outlet Santa Catarina, entre Balneário Camboriú e Florianópolis.
“A instalação de um outlet requer uma área ampla, então as proximidades de rodovias atendem mais adequadamente às necessidades dos empreendimentos”, afirma Francisco Ritondaro, CEO da General Shopping e Outlets. A empresa é dona do Outlet Premium, em Itupeva, no interior de São Paulo, e deve inaugurar no primeiro semestre de 2024 o Outlet Premium Imigrantes, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. “O outlet deve estar situado em uma área de fácil acesso para o público que deseja atingir cidades do entorno para aumentar a zona de atração potencial de novos clientes”, ressalta.
Os outlets sempre estão longe dos shoppings, para evitar concorrência, mas quando se trata de ambientação também tendem a oferecer espaços confortáveis para os clientes. Em vez dos espaços com vários pisos comuns nos grandes centros de compras das cidades, entretanto, os outlets são térreos, com as lojas divididas por corredores com áreas abertas e espaços verdes. A intenção é dar ao consumidor a ideia de estar passeando por alamedas com lojas. Uma semelhança está nas praças de alimentação, em geral com redes que o comprador já conhece.
Fonte: Valor Econômico