Por Paulo Gratão | O setor de franquias cresceu 15,8% no primeiro semestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo um faturamento acumulado de R$ 121,7 bilhões. Considerando apenas o segundo trimestre, a receita total foi de R$ 61,2 bilhões, um aumento de 12,8% em relação a igual período de 2023. Os dados são da Pesquisa Trimestral de Desempenho, feita pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Tom Moreira Leite, presidente da ABF, atribui o resultado à recuperação econômica pós-pandemia, ao aumento do consumo e à capacidade de adaptação das franquias às novas demandas do mercado. Ele também menciona a gestão mais profissional das unidades franqueadas. “Considerando o desemprego em uma mínima histórica e recordes sendo alcançados na massa de rendimentos dos brasileiros, vemos o franqueado buscar o setor mais por vocação do que por necessidade”, diz.
A região Sudeste detém a maior fatia do faturamento do setor, com 54,51%. O Sul fica em segundo lugar, embora as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio tenham reduzido a participação da região de 17,59% no segundo trimestre de 2023 para 16,53% neste ano. Leite pontua, no entanto, que a retomada em diversos segmentos já podia ser observada em junho. “Serviços, obviamente, ainda seguem muito prejudicados”, diz.
A entidade estima que o impacto da tragédia no faturamento do setor no RS, corresponda a, aproximadamente, um mês de atividade da base instalada no estado – cerca de 10,9 mil unidades franqueadas.
Franquias:
Três segmentos tiveram crescimentos mais expressivos entre abril e junho deste ano. O primeiro é Saúde, Beleza e Bem-Estar, com expansão de 21,7% em faturamento, amparado no aumento de produtos farmacêuticos, na personalização e na variedade de portfólio. O Boticário, a maior do nicho, é uma das marcas que têm diversificado a oferta, com produtos para pets e até para casa, além de serviços de maquiagem nas lojas. Leite também menciona o bom desempenho entre as redes de odontologia.
Desempenho do franchising por segmento – 2 Tri 2024
Segmento | 2 Tri 2023 | 2 Tri 2024 | % 2023 x 2024 | % Var Operações |
Alimentação – Comercialização e Distribuição | 5.783 | 5.387 | -6,9% | 6,1% |
Alimentação – Food Service | 7.943 | 9.249 | 16,4% | 4,8% |
Casa e Construção | 3.858 | 4.440 | 15,1% | 0,3% |
Comunicação, Informática e Eletrônicos | 1.745 | 1.860 | 6,6% | 0,7% |
Educação | 3.334 | 3.601 | 8,0% | 2,9% |
Entretenimento e Lazer | 596 | 679 | 13,9% | 0,2% |
Hotelaria e Turismo | 3.044 | 3.381 | 11,1% | 1,0% |
Limpeza e Conservação | 465 | 504 | 8,5% | 6,5% |
Moda | 5.781 | 6.546 | 13,2% | 0,0% |
Saúde, Beleza e Bem-Estar | 13.353 | 16.251 | 21,7% | 2,9% |
Serviços Automotivos | 2.014 | 2.187 | 8,6% | 0,2% |
Serviços e Outros Negócios | 6.338 | 7.122 | 12,4% | 0,4% |
Total | 54.253 | 61.205 | 12,8% | 2,3% |
O segundo é Alimentação – Food Service, com crescimento de 16,4%, após a consolidação do delivery e a busca por melhor relação custo-benefício do consumidor. “Essas marcas têm sido muito beneficiadas com o declínio do home office”, diz. Casa e Construção (+15,1%) vem em seguida. O segmento surfou no aumento do crédito imobiliário e de programas de financiamento populares.
O único segmento que apresentou queda no segundo trimestre foi Alimentação – Comercialização e Distribuição (-6,9%). De acordo com Leite, o resultado foi influenciado pelo calendário, uma vez que a Páscoa de 2024 ocorreu em março.
O estudo identificou a abertura de 4.273 unidades franqueadas no segundo trimestre, totalizando 193.151. No período, o número de lojas cresceu 2,7%. Os repasses (venda de franquias em funcionamento) tiveram uma ligeira alta, de 0,7% para 0,9% do total. O aumento de franquias também impulsionou em 3,85% a quantidade de empregos diretos no setor no segundo trimestre, passando de 1,612 milhão para 1,674 milhão. O saldo do semestre é de 11.746 novas unidades franqueadas.
Os segmentos que mais abriram franquias no segundo trimestre foram Limpeza e Conservação (+6,5%), Alimentação – Comercialização e Distribuição (+6,1) e Alimentação – Food Service (+4,8%). A distribuição geográfica das unidades se mantém parecida com a média histórica, com mais da metade (53,47%) na região Sudeste.
Fonte: PEGN