Há dois anos, na festa em que comemorou a marca de 500 mil alunos do Grupo Bio Ritmo, o empresário Edgard Corona, presidente e fundador da empresa, afirmou, em tom de brincadeira, que faria outra festa para celebrar 1 milhão de clientes em 2016. O tempo passou e a brincadeira virou realidade. A companhia não só alcançou como ultrapassou a marca. Hoje, ela conta com 1,1 milhão de alunos. “Agora, precisamos encontrar um local para a comemoração”, diz Corona, aos risos. A representatividade da Smart Fit nesse número é impressionante: do total de alunos, 1,03 milhão estão matriculados na rede de baixo custo da empresa, que oferece planos a partir de R$ 59,90.
É um número invejável, levando em consideração que o mercado fitness brasileiro é composto de 31 mil academias e cerca de 7,9 milhões de alunos, segundo a Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil). Mais importante é o fato de o grupo estar prestes a alcançar seu primeiro bilhão de reais de faturamento, o que deve acontecer ao final deste ano, representando um aumento de 30% em relação a 2015. Para isso, Corona está lançando mão de várias estratégias: o avanço no exterior, a criação de uma linha de suplementos alimentares e a inauguração de uma grife de moda.
O setor movimentou R$ 2,4 bilhões, no ano passado, de acordo com a Acad Brasil. O Grupo Bio Ritmo tem se destacado nesse mercado. Entre 2010 e 2015, a empresa teve crescimento de 427%, de acordo com dados da IHRSA, associação americana que representa o setor mundialmente, o que faz dela a quarta que mais cresceu em faturamento no planeta, neste período. Se confirmada, sua receita neste ano será o dobro da apresentada pela segunda maior rede de academias brasileira, a Bodytech, também dona da Fórmula, hoje com 100 unidades.
A companhia dos empresários Alexandre Accioly e Luiz Urquiza, que também tem como sócios o banco BTG, o empresário João Paulo Diniz e o técnico da seleção brasileira de vôlei Bernardinho, faturou R$ 450 milhões, em 2015, e prevê atingir R$ 500 milhões até dezembro. Diante de números tão expressivos do Grupo Bio Ritmo frente aos concorrentes, o fundo brasileiro Pátria Investimentos, que hoje detém 47% do grupo, e o Gic, de Singapura, decidiram fazer um aporte de R$ 188 milhões na empresa. Esses recursos devem viabilizar uma nova onda de expansão da rede, tendo como carro-chefe a bandeira Smart Fit.
A rede de baixo custo já está presente no México, Colômbia, Chile e República Dominicana. No próximo ano, chegará ao Peru com dez unidades. “Para 2017, o crescimento será de 33%, com a abertura de 110 academias, que serão divididas entre Brasil, México, Colômbia e Peru”, afirma o empresário. O mesmo plano de expansão deverá ser aplicado em 2018. Até dezembro de 2019, Corona espera contar com quase 800 academias e atingir dois milhões de alunos. Das atuais 314 unidades do grupo, 214 estão no Brasil. Pouco mais de 50 são franqueadas. Para montar uma Smart Fit, são necessários R$ 3,5 milhões contra R$ 7 milhões de uma Bio Ritmo. “Mas 85% da nossa expansão será de unidades próprias”, diz Corona, que não descarta, futuramente, uma abertura de capital.
A meta é democratizar por completo a prática de exercícios físicos. Para isso, ele vai passar a vender roupas e suplementos. A empresa está lançando sua própria linha de moda fitness, que será produzida por confecções parceiras; e de suplementos alimentares, como whey protein e creatina, cuja produção ficará a cargo do laboratório Natulab. A visão do empresário está embasada no fato de que menos de 5% dos brasileiros frequentam academias. O alto custo dos produtos que envolvem a prática de exercícios é um dos fatores que desencorajam as pessoas. “Os modelos de academia mais baratos são uma maneira de permitir que mais pessoas frequentem uma academia”, afirma Gustavo Borges, presidente da Acad.
Para a criação dos produtos, que serão comercializados no site da rede e terão a marca Smart Fit, foram investidos R$ 5 milhões. Assim como seus planos de academia, a meta é comercializá-los com preços até 30% abaixo do mercado. “Não queremos ser como o cinema de quarta-feira. A pessoa economiza no ingresso, mas paga caro na pipoca”, diz o empresário. Outra novidade será o Smart Bar, que oferecerá isotônicos por uma taxa extra de R$ 14,90 por mês. Além disso, em dezembro, um novo conceito de Bio Ritmo será testado, no shopping Morumbi Town, em São Paulo. “Será um espaço com salas de aulas tematizadas, possibilitando que o aluno pague por aula”, diz Corona. A malhação, democratizada, é um bom negócio.
Fonte: IstoÉ Dinheiro