Por Marcos Bonfim | Sob nova direção há pouco mais de um mês, a centenária empresa catarinense Altenburg está tecendo os seus caminhos para entrar no clube dos negócios nacionais que faturam na casa do bilhão. No plano da empresa, a expectativa é de chegar em 2027 com receita acima de R$ 1,2 bilhão.
Nos últimos 17 anos na empresa, o executivo, engenheiro têxtil de formação, passou por áreas como qualidade, produção, vendas e marketing. Ele é filho de Rui Altenburg, que comandou o negócio por 54 anos, e bisneto de Johanna Altenburg, a matriarca que começou a empresa em casa, em Blumenau, Santa Catarina, construindo acolchoados de forma artesanal.
Mais de 100 anos depois, a Altenburg tem uma variedade de produtos de cama e banho em algodão, linho, bambu, seda, além de acessórios como mantas, almofadas e roupões. Desde 2009, carrega o feito de produzir mais de 1 milhão de travesseiros por mês, mas faz bons negócios também em edredons e lençois.
A produção está estruturada a partir de duas unidades em Blumenau, em Santa Catarina, uma em Nossa Senhora do Socorro, Sergipe, e uma quarta em São Roque, São Paulo. A quinta fica no Paraguai, em Ciudad del Este.
É nesses entrepostos que são fabricados os produtos das marcas Altenburg e Eco Fiber. A Haus, braço de itens premium do grupo, funciona no modelo outsourcing, com os times da Altenburg fazendo a curadoria e trazendo da Ásia a seleção para o Brasil e América Latina. Por ano, o grupo vende em torno de 20 milhões de produtos.
As peças são distribuídas para mais de 7.000 lojistas pelo país e comercializadas nas 15 lojas próprias e no e-commerce na Altenburg, que representa 2,5% do faturamento total.
Apesar dos números, a empresa tem uma percepção de que ainda é pouco conhecida em alguns territórios no país, fato que pretende usar como oportunidade para expandir e escalar rumo aos números colocados na planilha.
“Nós costumamos dizer que se tivéssemos no Sudeste o prestígio e o reconhecimento que temos no Sul, nós facilmente dobraríamos de tamanho. Nós temos muito para avançar na região”, afirma Altenburg.
Do marketing às franquias: as novidades na marca
Uma parte desse reconhecimento virá a partir da ampliação dos investimentos em marketing, área que ganhou uma nova liderança recentemente e deve aplicar mais de 100 milhões ao longo dos próximos três anos para comunicar os produtos.
“As empresas do Sul focam muito na indústria, em ter qualidade, ser competitiva e eficiente, mas esquecem da parte comercial. Acho que essa é a nossa nova sacada para rentabilizar o que já foi feito”, afirma o novo CEO. Entre as mensagens, a empresa quer reforçar os atributos dos seus produtos e estimular bons hábitos, como a importância de uma boa noite de sono.
A grande novidade está no lançamento de um formato de franquias, prestes a ser inaugurado com uma loja em Jaraguá do Sul. Até agora, a Altenburg tinha apenas lojas próprias. A primeira foi lançada em 1969, mas apenas em 2008 esse movimento ganhou corpo. Das 15 unidades, 12 estão no Sul e 3 em São Paulo.
Para implementar as franquias, a companhia adotou o modelo de espiral, começando com lojas próximas de onde está sediada. A loja inaugural fica em Jaraguá do Sul, um polo de tecnologia e casa da gigante nacional de motores Weg. “Com as franquias, achamos que é o momento de atacar novas áreas, indo além do Sul, e entrando no Sudeste, Centro-Oeste”, diz.
O modelo foi pensado para ocupar espaços com áreas entre 87 e 120 metros quadrados. A depender do lugar escolhido, os investimentos devem circular por uma faixa de R$ 450.000 a R$ 800.000, considerando a taxa de franquia de R$ 50.000.
“Nós queremos posicionar lojas em locais com visibilidade para que elas acabem gravitando o aumento das receitas nos nossos parceiros multimarcas”, afirma o CEO.
De início, o projeto ficará mais concentrado em shoppings centers, mas a expectativa é de que avance para lojas de rua. Até o fim do ano, a previsão é de que cinco unidades estejam em funcionamento.No médio prazo, trabalha com a abertura de cerca de 150 franquias, volume que tem o potencial para contribuir com 30% do faturamento de todo o negócio – o percentual das iniciativas monomarcas está em 12% atualmente.
“A estratégia principal da empresa vai continuar sendo multimarca, mas as franquias e as lojas próprias servem para agregar mais valor ao negócio”.
Fonte: Exame