10/08/2015 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
Após dobrar o lucro no segundo trimestre, a Alpargatas espera resultados também favoráveis no segundo semestre do ano, apesar da conjuntura econômica adversa no país. Para Márcio Utsch, presidente da Alpargatas, a manutenção do cenário de exportações e melhorias em alguns negócios no Brasil vão favorecer a companhia até o fim do ano. No segundo trimestre, a companhia registrou alta de 101,8% no lucro líquido em relação ao mesmo intervalo de 2014, para R$ 46 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) cresceu 40,1%, para R$ 102,7 milhões. O aumento, segundo a companhia foi impulsionado pelo desempenho no mercado internacional, com aumento de 22,4% na receita, para R$ 218,2 milhões. No período, a Alpargatas obteve um ganho de R$ 20,8 milhões com valorização das moedas das operações internacionais e com a queda no custo, em dólar, das commodities (borracha e algodão). A companhia também registrou ganho de R$ 16,6 milhões no lucro bruto com negócios internacionais. “A companhia operou de maneira forte em real, dólar, euro e pesos. A evolução das moedas trouxe resultados muito bons”, avaliou Utsch. A operação na Argentina foi destaque no trimestre. A receita líquida nesse país cresceu 61,5%, para R$ 234,3 milhões. O aumento deveuse a reajustes nos preços e à valorização de 24% do peso em relação ao real. As vendas para os demais países cresceram 22,4%, para R$ 218,2 milhões. A valorização do dólar e do euro favoreceu o desempenho nos demais países. “Não posso dar projeções, mas posso garantir que as condições de exportação permanecem”, disse Utsch. Em relação ao Brasil, Utsch disse que espera melhora na demanda pelas linhas de sandálias, principalmente nas vendas relacionadas às festas de fim de ano. Utsch também espera avanços na linha Mizuno. “Em julho, o resultado foi muito bom em relação ao ano passado, com um crescimento na receita líquida da ordem de 36%”, afirmou Utsch. No segundo trimestre, a receita líquida no Brasil teve queda de 6,4%, para R$ 548,3 milhões. O volume de vendas caiu 15,4%, para 40,8 milhões de pares. Utsch observou que, no segundo trimestre de 2014, a Alpargatas vendeu 3 milhões de pares de sandálias com o tema da Copa do Mundo, um volume que não se repetiu neste ano. A empresa também teve problemas em junho no faturamento de 1,7 milhão de pares de sandálias vendidas. Esse volume, segundo o executivo, vai entrar na receita do terceiro trimestre. Utsch disse que não há planos de baixar preços para ampliar o volume de vendas no país. Em relação às linhas esportivas, o executivo disse que houve uma redução nas vendas do segundo trimestre devido à decisão da companhia de concentrar os lançamentos da linha Mizuno no terceiro trimestre. No segundo trimestre, as linhas esportivas tiveram crescimento de 1%, para 300 mil pares. “Após o lançamento da Mizuno em julho, houve melhora nos resultados”, disse o executivo. Utsch acrescentou que a companhia tem substituído parte das linhas importadas por produção nacional, feita na fábrica de Santa Rita (PB). “Até o fim do ano teremos cinco a seis produtos que eram importados sendo feitos no Brasil. Em 2016, a empresa vai trazer mais linhas para o Brasil.”
Valor Econômico – SP