Por Mariana Desidério | As roupas não são caras no Brasil, o problema é que o poder aquisitivo da população é muito baixo. É o que diz Fred Wagner, fundador e CEO da marca de moda esportiva Track&Field, em entrevista ao UOL Líderes
O que ele disse
O empresário disse que os preços da marca não são caros se comparados aos preços internacionais. Segundo ele, pesam no bolso por conta do baixo poder aquisitivo do brasileiro. “O dilema aqui não é baratear as roupas, mas sim aumentar o poder aquisitivo da população”, disse. Para Wagner, as peças da Track&Field têm um preço “razoável”, considerando a tecnologia usada e sua durabilidade.
Brasileiro se veste de forma mais informal no pós-pandemia. Ele comentou sobre as tendências de consumo que ajudaram as vendas da marca nos últimos anos. Segundo Wagner, as pessoas querem estar bem-vestidas na hora de fazer exercício físico, e passaram a se vestir de forma mais informal após a pandemia.
Histórias reais em vez de estereótipos. Ele disse que, nos últimos dois anos, a Track&Field passou a ter peças plus size e tamanho micro nos produtos de maior procura. Também disse que as campanhas da marca são diversas, e que mais recentemente elas têm se focado em contar histórias reais “para mostrar a realidade do mundo, e não tentando criar um estereótipo visual”.
Reforma tributária é bem-vinda. Sobre a proposta em discussão no Congresso, Wagner disse que a Track&Field não tem incentivos fiscais, por isso acaba pagando mais imposto. Para ele, é bem-vinda uma reforma que simplifique o sistema e coloque todas as empresas sob uma mesma regra. Ele diz que, se houver aumento de imposto, isso deve impactar o preço dos produtos. Mas, como a regra vai valer para todas as empresas do setor, é algo menos preocupante.
Você pode assistir à entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube ou ouvi-la no podcast UOL Líderes. Veja a seguir destaques da entrevista:
Preço da moda
A gente tem uma perspectiva de que comprar roupa é caro no Brasil. Mas, se você compara com preços internacionais, a gente tem um preço relativo bem baixo. Agora, se você pensar em relação ao poder aquisitivo local, sim, pesa no bolso do consumidor. Acho que o dilema aqui não é baratear as roupas, mas sim aumentar o poder aquisitivo da população.
A Track&Field não é cara. É um produto que tem uma tecnologia cara, matérias-primas caras. As pessoas falam que o produto dura muito. Se você pensar em durabilidade e funcionalidade, é um custo-benefício bastante razoável. É o que a gente sabe fazer. O nosso DNA não é fazer produtos que duram duas ou três usadas.
Roupas mais informais
As pessoas têm esse DNA de se preocupar em estar bem-vestidas no Brasil. Tem uma coisa sempre de querer renovar guarda-roupa, trazer novidades. A gente soube criar um desenho de negócio que pega essa parte do consumidor, que é estar bem-vestido na hora da atividade física ou mesmo estar com roupas de lifestyle para dia-a-dia. Isso também é uma tendência, as pessoas estão se vestindo de forma mais informal pós-pandemia.
Histórias reais
As campanhas da Track&Field são diversas naturalmente. O consumidor se conecta com a realidade. E a gente tem feito campanha contando história das pessoas. No Dia das Mães, contamos a história de uma mãe que teve depressão pós-parto, descobriu que a irmã gêmea era corredora, e isso a puxou para se transformar. Trazemos essas histórias para mostrar a realidade, e não tentando criar um estereótipo visual, que é o que aconteceu com a indústria de moda por muito tempo.
Nota da edição: A Track&Field disse que toda a sua linha masculina vai até o tamanho GG e que algumas peças têm o tamanho 3G. Nos produtos femininos, algumas linhas vão do PP ao GG. Disse também que, nos últimos dois anos, mais de 40% de suas campanhas publicitárias consideraram algum aspecto de diversidade.
Reforma tributária
Em última instância, se vem uma reforma tributária que aumenta imposto, isso impacta no preço de vendas. É menos preocupante porque todas as empresas do setor vão ter que repassar isso para o consumidor. Como a gente não tem incentivo, acaba pagando mais. Então acho que é bem-vinda uma reforma tributária que simplifique o sistema e que equalize as empresas todas dentro de uma mesma regra.
Fonte: UOL