Por Adriana Mattos
As prévias de vendas, de janeiro a março, das principais varejistas de alimentos do Brasil trouxeram fatos novos, alguns animadores para o mercado, mas desempenhos diferentes entre os negócios.
O Carrefour teve números melhores que o GPA Brasil (na operação de varejo alimentar) no primeiro trimestre. Problemas pontuais de rupturas afetaram os números do supermercado Pão de Açúcar, no processo de saída da operação de hipermercados — a empresa fala num período ainda afetado por uma “transição” de modelo de operação. O Carrefour, por sua vez, pode ter se favorecido do fechamento do Extra, um efeito positivo, mas provavelmente temporário.
Ainda há sinais de que o volume vendido pelas redes de alimentos pode estar voltando a se acelerar nos supermercados, após um começo de ano difícil.
Os números das empresas foram divulgados na noite de segunda-feira, mas dados sobre rentabilidade só devem ser publicados no balanço trimestral.
O Carrefour apurou alta de 0,7% nas vendas brutas (sem incluir postos), alcançando R$ 4,8 bilhões, considerando alimentar e eletroeletrônicos (segmento não alimentar). Ao se levar em conta só lojas com mais de um ano, o avanço é de 3,1% (índice “mesmas lojas”).
Se descontar o não alimentar, há alta de 6% no total e de expressivos 8,4% em mesmas lojas. Nesse caso, é eliminado o efeito da queda na demanda dos eletrônicos nos hipermercados, um negócio que ainda não dá sinais de recuperação desde o quarto trimestre de 2021 — no Carrefour a empresa fala em recuo de dois dígitos de janeiro a março na categoria.
No GPA, houve queda de 0,6% nas vendas brutas nas operações continuadas, já excluindo o efeito de fechamento dos hipermercados Extra — em mesmas lojas, a alta foi de 1%. Na rede Pão de Açúcar, a queda nas vendas totais alcançou 1,5%, (em mesmas lojas, houve estabilidade).
Ocorre que, na cadeia, houve impacto de reorganizações internas em decorrência da saída do Extra da operação. Foi preciso fechar quatro centros de distribuição e reduzir área em outros quatros, o que sempre acaba mexendo com o dia a dia da operação.
“Tivemos um efeito pontual na ruptura muito alto, explicado pelo momento de ajuste na malha logística devido à saída dos hipermercados. Essa adequação da malha já foi superada e no início de abril já estamos com níveis em patamares pré-transação”, disse a empresa no material publicado.
Outro impacto negativo no Pão de Açúcar foi a dificuldade de importação nos últimos dois meses, principalmente devido à falta de contêineres.
No caso do Carrefour, o destaque foi a “normalização” do volume vendido no braço de supermercados e hipermercados, algo que o setor vinha buscando desde o fim do ano passado. E GPA fala num mercado “premium” indo melhor do que a média do mercado, que teria sentido o baque na demanda, segundo a Nielsen.
Atacarejo e digital
Numa avaliação do braço on-line, Carrefour chegou a um tamanho do negócio mais de duas vezes superior ao do GPA, em termos de vendas transacionadas (GMV, da sigla em inglês).
Carrefour cresceu quase 51%, com GMV de R$ 1,1 bilhão no trimestre. No GPA, com vendas de quase R$ 370 milhões, o avanço foi 44% (sem incluir hipermercados)
Entre as redes de atacarejo, segmento que vem crescendo dois dígitos por trimestre — apoiado em preços de 10% a 15% abaixo da media dos supermercados — o Assaí avançou 21% em vendas líquidas, e o Atacadão, 18,6%, em vendas brutas. As empresas não publicaram vendas dentro do mesmo critério.
Em termos de mesmas lojas de janeiro a março, o Assaí se expandiu menos que o rival, 6,7% e o Atacadão, 9,2%. O Atacadão é controlado pelo Carrefour e o Assaí tem como maior acionista o Casino, controlador do GPA.
Assaí abriu quatro lojas de janeiro a março, e o Atacadão, duas.
Fonte: Valor Econômico