Empresa quer igualar a experiência de delivery dos grandes varejistas à de aplicativos como Rappi, iFood e Cornershop
Por Pedro Arbex
A Zubale acaba de atrair investidores com um plano de negócios que parece simples, mas é difícil de executar: igualar a experiência de delivery dos grandes varejistas — como redes de supermercado e farmácias — à de aplicativos como Rappi, iFood e Cornershop.
A rodada de US$ 40 milhões foi liderada pela QED Investor, a gestora de venture capital de Nigel Morris, o cofundador da Capital One, a gigante do crédito ao consumidor americano.
A Série A também teve a participação do Global Founders Capital; de Hans Tung, o managing partner da GGV Capital; de Kevin Efrusy, da Accel Partners; e da Maya Capital, a gestora de Lara Lemann e Mônica Saggioro.
A startup foi fundada em 2018 no México pelo colombiano Sebastian Monroy e a americana Allison Campbell. Os dois se conheceram durante o mestrado em Harvard e começaram a desenhar o business plan no segundo ano do curso, reunindo-se quase diariamente depois da aula.
O software da Zubale se conecta aos vários sistemas de gestão dos varejistas: order management, estoques, faturamento, etc. Ao receber um pedido de delivery em seus canais próprios, o varejista envia esse pedido à Zubale, cujos entregadores executam a ordem: pegam o produto na loja, embalam e entregam na casa do cliente.
Para uma rede como o Pão de Açúcar, por exemplo, o serviço da Zubale provavelmente não faria sentido, dado que a rede já tem um serviço de delivery próprio — o James Delivery — mas para redes como Prezunic, Zaffari e PagueMenos, o modelo se encaixa como uma luva.
Um dos diferenciais da empresa é um app que ajuda o entregador em todo o processo, tornando a entrega mais rápida.
“Esse app mostra exatamente onde estão os produtos na loja, o que torna mais fácil para ele fazer o picking, acelerando muito a entrega,” Allison disse ao Brazil Journal. “Também mostramos ao entregador a rota mais rápida para ele chegar na casa do cliente.”
A Zubale consegue fazer as entregas em 30 minutos (quando são poucos produtos) e em 60 quando o número de pedidos é maior.
Ter um delivery próprio azeitado pode ser especialmente útil para os varejistas porque, ao vender pelos marketplaces, eles perdem o controle dos dados dos clientes — já que o consumidor é da Rappi, e não do supermercadista ou da farmácia.
Ao oferecer uma experiência de entrega equivalente ao dos apps de delivery em seus canais próprios, os varejistas esperam aumentar as vendas por esses canais e poder fazer campanhas direcionadas para essa base.
A Zubale já atende mais de 100 varejistas em países como México, Colômbia, Costa Rica, Peru e Chile. Há duas semanas, ela entrou também no Brasil, inicialmente com três grandes varejistas: um no Rio, um em Uberlândia e outro no Nordeste.
Parte da rodada de hoje vai financiar essa expansão internacional da empresa, com foco no Brasil. Sebastian se mudou há três meses para São Paulo junto com a família e já contratou mais de 40 funcionários para tocar a operação brasileira.
Mas o grosso do dinheiro vai para uma nova estratégia que a startup pretende colocar na rua em breve: sua entrada em serviços financeiros.
A Zubale vai começar a oferecer soluções de crédito tanto para os entregadores da plataforma quanto para os varejistas parceiros, e acaba de contratar uma ex-sócia da McKinsey no México para liderar essa vertical.
“A entrada da QED tem muito a ver com isso também,” disse Sebastian. “Eles têm muita experiência nessa parte de fintechs, até pelo histórico do Nigel, e estão nos ajudando muito a criar todos os produtos dessa frente de fintech.”
No Brasil, a QED já investiu no Nubank, Creditas, Quinto Andar e Hash.
Fonte: Brazil Journal