O Magazine Luiza, uma das maiores redes de varejo do país, decidiu entrar de vez em um segmento em que, até poucos meses atrás, tinha atuação bastante restrita: o financiamento de máquinas agrícolas. Com 1,3 mil lojas espalhadas pelo país, além de forte atuação em seus canais digitais, a varejista dará esse passo por meio do Consórcio Magalu.
Capitalizados pela alta dos preços das commodities agrícolas, os produtores rurais têm ampliado seus investimentos em maquinário, mas os aportes esbarram na limitação de linhas de crédito para as aquisições [ver reportagem ao lado ]. Isso abriu caminho aos consórcios de máquinas, segmento dominado por administradoras ligadas a bancos, cooperativas de crédito e fabricantes. Em 2020, o número de participantes ativos chegou a 126,7 mil, segundo a Associação Brasileira dos Administradores de Consórcios (Abac). O aumento em relação a 2019 foi de 8,38% – e de nada menos que 80% quando comparado a 2015. “E a nossa expectativa é a melhor possível para este ano”, diz Paulo Roberto Rossi, presidente da entidade.
“Antes, nossas vendas para o segmento eram pontuais. Tínhamos um limite de crédito baixo, o que restringia as possibilidades de aquisição”, afirma Edivaldo Ferraro, gerente comercial do Consórcio Magalu. Em 2020, o segmento que atende o agronegócio na empresa – com máquinas e caminhões – cresceu 152% em relação ao ano anterior. O valor médio das compras com o consórcio da varejista fica entre R$ 200 mil e R$ 250 mil.
Um dos principais atrativos do consórcio é a taxa de juros. No Moderfrota, linha mais tradicional de financiamento de máquinas, os juros são de 7,5% ao ano, e no Pronaf, que atende pequenos e médios agricultores, eles são de 4,5%. No caso dos consórcios, a taxa média de administração é de 14% ao longo do contrato, segundo a Abac. Para uma cota de R$ 207 mil com pagamento de 115 meses, por exemplo, a taxa média é de 0,12% ao mês e 1,44% ao ano.
No Consórcio Magalu, a taxa de administração é de 16%, em média. O período médio para ser contemplado após a compra da cota é de 60 a 80 meses, diz Ferraro, mas o produtor também pode fazer um lance e antecipar o acesso ao crédito. No financiamento tradicional, o prazo se conta em semanas.
E, se preferir, o produtor pode mudar o objeto da compra, como fez o pecuarista Miguel de Souza. Com fazendas em São Paulo, Goiás e Mato Grosso, ele procurou o consórcio da varejista para renovar a frota. “É mais barato que financiar em banco”, diz. “Eu já tinha entrado em consórcio para comprar máquina. Pretendo voltar, mas acabei usando a carta de crédito com um imóvel”.
Fonte: Valor Econômico