A empresa de classificados online OLX Brasil orçou para 2018 um investimento 21% maior que no ano passado, quando atingiu pela primeira vez um resultado operacional positivo, apesar de quase dobrar o número de funcionários no país.
A companhia, controlada em partes iguais pela sul-africana Naspers e a norueguesa Schibsted, pretende investir 200 milhões de reais este ano em tecnologia, produto e inovação, algo que inclui inteligência artificial e oferta de serviços para empresas.
“Em 2017 contratamos 255 pessoas. Estamos fazendo menos coisas manuais com ajuda de inteligência artificial…Precisamos ganhar escala agora enquanto aceleramos desenvolvimento de produtos”, disse o presidente da OLX Brasil, o holandês Andries Oudshoorn. A empresa tem atualmente 550 funcionários distribuídos em São Paulo e Rio de Janeiro e deve contratar mais 40 neste ano.
A OLX iniciou atividades no país em 2010 como site de compra e venda de produtos usados por particulares. Em 2015, Naspers e Schibsted concordaram em juntar suas operações neste campo no Brasil, unindo OLX e Bom Negócio. A operação deixou a OLX disputando mercado com o Mercado Livre, que nos últimos anos tem cada vez mais se concentrado na oferta de produtos novos, e com sites especializados em áreas como veículos e imóveis.
Até 2017 a OLX dependia de aportes dos sócios para fazer frente às operações deficitárias, mas os investimentos neste ano devem vir dos recursos próprios da companhia, disse Oudshoorn. Ele não deu detalhes sobre os principais números da empresa, mas afirmou que o resultado medido antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi positivo no ano passado pela primeira vez.
O desempenho positivo veio com crescimento acelerado da OLX em oferta de serviços para empresas e desenvolvimento de operações “verticais”, focadas em áreas como automóveis e imóveis, afirmou o executivo.
“Queremos posicionar a OLX como líder nas verticais de carros e imóveis. Já somos o maior site nestas verticais mas não somos percebidos por isso”, disse Oudshoorn. Ele fez segredo sobre os planos da empresa para este ano, mas comentou que grande parte da receita da OLX no Brasil vem de serviços vendidos para empresas, em especial relacionados a veículos e imóveis. Os serviços incluem acordos para venda de carros novos e oferta de estatísticas sobre venda de produtos.
A empresa não cobra comissões dos vendedores pelas vendas de produtos usados em sua plataforma, mas oferece opção dos usuários pagarem taxas para terem seus anúncios destacados. Em 2017, a plataforma movimentou 57,6 bilhões de reais com a venda de 26,7 milhões de itens, alta de 10% sobre 2016.
Questionado sobre eventual pressão sobre os anúncios de usados no site por conta da recuperação da economia, Oudshoorn comentou os usuários tendem a manter o hábito de vender online suas coisas quando os períodos de crise passam.
“Na verdade o negócio funciona bem em qualquer ciclo. É verdade que na crise as pessoas mudam hábitos de consumo e vendem e compram mais produtos usados, mas isso se sustenta depois”. Ele citou ainda que o crescimento das vendas de carros novos pelas montadoras tende a movimentar o mercado de usados, utilizados como forma de pagamento.
Oudshoorn não comentou metas específicas de desempenho da OLX Brasil, mas afirmou que a empresa mira atingir margem Ebitda de mais de 60% “nos próximos anos”, com base no comportamento de outros sites de classificados controlados pela Naspers e pela Schibsted.
“Margem acima de 60% é tendência nos próximos anos. É o benchmark (referencial) dos sites de classificados no mundo”, afirmou o executivo citando o site russo Avito (da Naspers) e o francês Le Bon Coin (da Schibsted).
Planos para uma oferta pública inicial de ações (IPO) que poderia pegar carona na listagem bem-sucedida este ano da brasileira PagSeguro nos Estados Unidos não estão nos planos no momento, embora Oudshoorn avalie que a OLX é uma empresa com potencial para isso.
Fonte: Época Negócios