Três poderosas tendências de consumo foram discutidas na última edição do Mapic, evento internacional imobiliário voltado para o varejo, que aconteceu em Cannes em novembro de 2016: O2O (Online para o Offline), “Retailtainment” (algo como “varejo-entretenimento”), Food & Beverage (alimentos e bebidas). São eles que guiam dez ideias principais abordadas pelos palestrantes do evento:
1 – O varejo offline continua sendo um canal muito forte, e representa 94% do total das vendas globais do varejo. Como consequência, vemos cada vez mais os varejistas digitais, como Amazon por exemplo, abrindo lojas popup stores e lojas;
2- “Os varejistas pure players, ou seja, aqueles que atuam em apenas um canal de venda, estão no final de seu curso de crescimento”, disse François Loviton, diretora de varejo do Google França. Eles devem encontrar novos pontos de contato com o consumidor para continuar evoluindo seus negócios no ambiente físico. Esse movimento é incentivado pela tendência de “clicks to bricks” (cliques a tijolos) que tem levado consumidores para as lojas para validar a compra digital, onde se pode ver e tocar o produto;
3- “Se o consumidor e as marcas não fazem mais distinção entre o online e o offline, por que as empresas imobiliárias de varejo precisam fazer?”, perguntou Manuela Calhau, diretora de marketing da Sonae Sierra. Os shoppings precisam encontrar maneiras para gerenciar os dados do consumidor, o que é, sem dúvida o combustível para o futuro;
4 – As lojas pop-up vêm se tornando alavancas ponderosas não apenas para as marcas já existentes que desejam testar produtos, formatos e mercados, como para marcas digitais que precisam entrar no mundo físico com um risco menor ao evitar longos contratos. Plataformas de marketing como Storefront, Nooks, My Pop Up Stores, ou Pop Up Places consolidam espaços disponíveis em ruas e shopping centers que combinam com o posicionamento da marca e sua estratégia. Estas plataformas permitem que varejistas digitais formatem sua loja pop-up em ambientes físicos relevantes para eles, reduzindo custos e riscos;
5 – Grandes shopping centers estão comprometidos em oferecer ambientes mais criativos e experimentais. Desenvolvedores precisam ter certeza que irão oferecer a seus frequentadores coisas para ver (lado educacional dos empreendimentos modernos de varejo), coisas para fazer (o lado do entretenimento) e finalmente, coisas para sentir.
Acontece que tematização e storytelling são as duas formas mais eficazes para fornecer aos consumidores e suas famílias uma experiência mais vibrante, de acordo com especialistas da A.i.Solve Paragon Creative ou The Leisure Way, empresas especialistas na concepção de espaços temáticos e cênicos para museus, shoppings e parques. São também a melhor maneira de envolver os visitantes em plataformas de mídia social, uma vez que as pessoas gostam de compartilhar suas experiências com suas comunidades;
6 – Há toda uma nova leva de atividades recreacionais e educacionais que podem ser alocadas em shopping centers. As mais mencionadas no evento estavam ligadas a saltos e trampolins, e a paredes de escalada;
7 – O desafio é encontrar maneiras inovadoras de fazer com que o frequentador passe mais tempo no mall. Investidores de shopping centers esperam que as atividades de lazer levem negócios adicionais a esses centros, tornando-os um destino para o dia inteiro para a família. A maneira como essas atividades de lazer interagem e se conectam às lojas, atrações e restaurantes, será crucial para proporcionar um resultado lucrativo para todos os interessados;
8 – A alimentação sempre foi um incentivador de fluxo para o shopping center, mas sua apresentação mudou. Novos conceitos em alimentos e formatos de restaurantes que triunfam hoje são construídos sobre a qualidade, cultura, e um toque caseiro e artesanal. “Estamos na era da qualidade”, disse Vincenzo Ferrieri, dono do conceito de chocolates italianos Cioccolatitaliani.
9 – Novos modelos de varejo construídos em torno de Alimentos e Bebidas são cada vez mais populares entre os desenvolvedores de malls. Por exemplo, veja o caso de Foodtopia, um espetacular novo destino de comida e entretenimento em Frankfurt, administrado pela ECE, que será inaugurado até o final de 2018. Será um andar inteiro de mal dedicado unicamente a entretenimento com um complexo de cinema de uma diversidade de restaurantes em formatos diferenciados;
10 – Como se vê, alimentos e bebidas foram um grande tema nesta edição do Mapic, e será o foco oficial do próximo evento em 2017. Uma das palestras falou sobre o novo formato Deliveroo Roobox, iniciativa de um dos principais grupos de comida delivery. Charlie Farr, Gerente de Aquisições de Propriedades, explicou na MAPIC que a Roobox é uma cozinha custombuilt que traz marcas de restaurantes para novas áreas onde grandes populações residenciais estão atualmente desatendidas. Até dezembro de 2017 estão previstas a abertura de 150 Rooboxes.
Fonte: Abrasce