De cada R$ 4 em vendas brutas do Magazine Luiza entre julho e setembro, R$ 1 veio do comércio eletrônico, segundo dados publicados ontem em balanço trimestral. Em 2011, quando a varejista de eletrodomésticos abriu o capital na bolsa, 10% do faturamento vinha da internet e há um ano, 22%. No terceiro trimestre, o site da empresa vendeu R$ 660 milhões, alta de pouco mais de 24%. As lojas convencionais apuraram aumento de 6,5%.
No total, a receita bruta subiu 10,8%, para R$ 2,67 bilhões, e o lucro líquido do grupo foi de quase R$ 25 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 19 milhões obtido no terceiro trimestre de 2015.
O avanço do braço on-line reflete a forma como o Magazine Luiza se vê hoje. “É um olhar de alguém concorrendo mais com o Mercado Livre, do que com operações de loja física, como Via Varejo [dona de Casas Bahia e Ponto Frio]”, compara uma fonte.
Com as mudanças na operação, definidas mais claramente desde a entrada de Frederico Trajano na presidência, em janeiro, tem sido alterada a percepção sobre o próprio negócio. No braço de “market place” (shopping virtual), também forte no Mercado Livre, a ideia do Magazine é oferecer 1 milhão de itens para venda (hoje são 40 mil, alcançados em três meses).
A empresa informou ontem que, até o fim de 2017, todas as lojas devem operar no sistema “click and collect”, que permite comprar no site e retirar no ponto de venda. São 791 lojas hoje.
A companhia ainda deve voltar a abrir mais pontos a partir de 2017 (chegou a inaugurar 50 ao ano), disse Trajano. Isso deve exigir, naturalmente, aumentos em investimentos, com risco maior de pressões em despesas. Nos últimos 12 meses, a rede abriu 11 lojas, quando estava com foco maior em renegociação de contratos de pontos do que em inaugurações. “Mapeamos mais de 300 lojas com possibilidade de abertura no país, mas isso não é ‘guidance'”, disse Trajano.
Após resultados positivos, as ações do Magazine Luiza voltaram a subir ontem na BM&FBovespa – a alta foi de 6,3% para R$ 92,5. De julho a setembro, os principais indicadores, operacionais e financeiros, apresentaram melhora, mesmo num ambiente adverso ao consumo.
Não só lojas com mais de um ano em operação cresceram 5,5% (após seis trimestres negativos), como o controle das despesas se acentuou. As despesas operacionais foram diluídas em 1,4 ponto percentual, para 24,5% da receita líquida. Sobre riscos de que isso afete o nível de serviço das lojas (o que pode ser medido por reclamações de clientes), a empresa diz que não há efeito negativo.
As vendas mais fortes afetaram positivamente a margem bruta, que subiu de 30,2% para 31,7%. O maior controle de custos beneficiou a margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda), que passou de 5,2% para 8%.
Após anúncio dos números ontem, alguns analistas elevaram os preços alvos das ações da companhia – o BTG passou de R$ 75 para R$ 96 e o BB Investimentos, que mantinha preço em revisão, definiu R$ 100 para 2017.
A dívida líquida ajustada da companhia passou de R$ 1,21 bilhão em setembro de 2015 para R$ 750,3 milhões em setembro de 2016, reduzindo a relação dívida líquida /Ebitda ajustado de 2,2 vezes para 1,2. Houve melhora na geração de caixa operacional da rede – a soma aumentou de R$ 93,5 milhões para R$ 183,5 milhões no mesmo período.