Depois de uma queda de 12,9% das exportações de manufaturados, os embarques desses produtos voltaram a subir no ano passado, levando em consideração as quantidades vendidas ao exterior, segundo dados preliminares da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex) obtidos pelo Valor. Com ajuda da desvalorização de quase 50% do real no ano passado, as vendas e manufaturas para o exterior subiram 2,3% no ano passado. Ainda assim, a alta não foi suficiente para compensar uma queda de 11,3% dos preços de exportação de itens manufaturados, o que levou o valor dos embarques desses produtos a encerrar 2015 com uma queda de 9,3%. No total, foram exportados US$ 72,8 bilhões em manufaturados no período, contra US$ 80,2 bilhões em 2014.
Nos produtos semimanufaturados, no qual estão incluídos itens como açúcar em bruto, óleo de soja e cacau em pó, a alta das exportações em volume foi um pouco maior, de 8,5% em 2015. O movimento de recuperação das quantidades vendidas ao exterior, porém, também foi insuficiente para compensar a queda de 16,1% dos preços desses produtos, influenciados pela queda das cotações de commodities. Assim, no ano, os valores exportados de bens semimanufaturados diminuíram 9%.
Para Daiane Santos, economista da Funcex, a expectativa é que a manutenção do dólar em torno de R$ 4 continue a impulsionar as vendas de produtos industriais para o exterior ao longo deste e do próximo ano. No fim de 2015, por exemplo, já foi possível notar altas mais relevantes das vendas desses bens.
Em novembro, na comparação com igual mês de 2014, o aumento dos embarques de manufaturados foi de 9,6%. Em dezembro, as exportações desses produtos saltaram 26,9%, também em relação ao mesmo mês do ano anterior. Aqui, a economista faz a ressalva de que houve exportação de uma plataforma de petróleo, o que inflou o número. “Ainda assim, nos últimos meses há indícios de que o câmbio está ajudando mais. O efeito sempre demora um pouco para se refletir nas quantidades exportadas”, observa ela.
Para Daiane, como é difícil prever o comportamento dos preços de manufaturados, não é possível afirmar que a alta do quantum nas vendas de itens industriais vai levar a um aumento também dos valores embarcados para o exterior.
Ainda assim, em alguns setores essa tendência já começa a aparecer, observa Daiane. É o caso dos bens de consumo duráveis, em que o volume exportado aumentou 11,4% em 2015, o que compensou a queda de 8,1% dos preços. No ano, as vendas em valor subiram 2,4%, para US$ 5,5 bilhões, única categoria de uso que encerrou o ano com alta na comparação.
Valor Econômico – SP