19 de janeiro de 2016
Não sabe-se o motivo para isso: o forte da Apple é a venda de hardware. O Google, software
A Apple acaba de diminuir a importância do seu produto de anúncios digitais, iAd e muitos estão vendo isso como uma admissão do fracasso. A empresa acabou com a equipe de vendas e só deixará o negócio em sua versão semi-automática. Contudo, li a opinião de Daniel Eran Dilger, do Apple Insider, que acredita que essa é uma estratégia para limar e acabar com o principal negócio do Google: anúncios. É parte da competição dos dois.
Um pouco forçado ou não, concordo que a Apple tem se esforçado em criar uma internet mais livre de anúncios. E que o maior perdedor com isso, possivelmente, será o Google, cujas receitas dependem fortemente de seu negócio principal. Não sabe-se o motivo para isso: o forte da Apple é a venda de hardware. O Google, software.
A Apple está pronta para parar de participar em anúncios, onde o Google tem uma vantagem de ser o mandante’. No lugar disso, eles vão começar a usar sua dominância em hardware para acabar com o principal negócio do Google ao acabar com a fundação da internet, afirma Daniel.
Ele cita uma nota de um relatório produzido por analistas de mercado do Goldman Sachs, que foi publicada no ano passado. Lá, os analistas destacam que 75% das receitas de anúncios mobile vem de aparelhos que usam iOS iPhones ou iPad. Isso é cerca de US$ 8,9 bilhões.
E metade disso vem do acordo que as duas empresas tem que faz com que o Google seja o buscador padrão do Safari. Não se sabe quanto o Google paga para a Apple para isso, mas o Goldman Sach estima que é ao menos 65% das receitas vindas do Safari, enquanto o mercado acredita em uma variação de 30% a 85%.
Em 2014 (o último ano com resultados auditados), o Google teve receitas de US$ 66 bilhões sendo que 13,5% delas vieram da Apple. Mas conforme o tempo passa, mais e mais os anúncios migram de desktop para mobile. E é aí que a influência da Apple cresce.
Para isso, ela já começou a liberar os bloqueadores de anúncio no iOS 9 para seus consumidores, que são responsáveis por 80% de todo o e-commerce mobile. Bairros pobres são cheios de anúncios. Bairros ricos, não muito, diz Daniel.
Com essa mensagem, a Apple afirma que anúncios são para os pobres que usam Android e os ricos procuram uma experiência melhor com os aparelhos da Apple.
Pode ser que isso não acabe de vez com o Google, mas pode ferir significativamente (mais do que os 13,5% indicam). Agora é esperar e ver o que acontece.
InfoMoney – SP