14/12/2015 às 05h00 Por Tatiane Bortolozi | De São Paulo A italiana Moleskine, fabricante dos cadernos e blocos de anotação que levam o mesmo nome, traça planos para dobrar sua presença em pontos de venda no Brasil em 2016. A companhia, que atua em 350 lojas, principalmente livrarias, quer chegar às redes de departamento, aeroportos e lojas de artigos para escritório. A empresa firmou em setembro um acordo com a importadora e distribuidora A.S. Fun Gifts, que vai atuar como um escritório da Moleskine no Brasil, responsável por melhorar a distribuição e o marketing. A fabricante de cadernos de Milão chegou ao país em 2009, pelas mãos de pequenos distribuidores. A nova importadora está em fase de estudo da marca para estabelecer as estratégias no Brasil. “O objetivo é tornar a marca mais disponível e acessível”, diz Ana Simões, representante da A.S Fun Gifts, referindose ao plano de ampliar os pontos de venda e melhorar a comunicação. A marca Moleskine foi criada em 1997, na Itália, e se tornou praticamente sinônimo de produto ao associar a imagem do caderno de capa dura com elástico às agendas de bolso usadas por artistas como Leonardo da Vinci e Pablo Picasso. A palavra Moleskine vem de pele de toupeira (mole skin, em inglês), que seria o material a inspirar os italianos a criar as primeiras capas. “Os cadernos e as agendas não deixaram de ser usados em razão do crescimento das tecnologias digitais, ao contrário”, diz Carolina Barcelos Carneiro, diretora da Moleskine na América Latina. “O público jovem transita entre o analógico e o digital”, defende. Ela lembra que os admiradores da marca tiravam fotos dos cadernos e criavam sites para comentar sobre a marca antes mesmo de a empresa ter sua página na internet. Em 2010 a Moleskine começou a explorar parcerias digitais. Um aplicativo desenvolvido com a Evernote permite que as páginas desenhadas ou escritas à mão possam ser digitalizadas, buscadas por palavrachave e compartilhadas. A parceria com a Adobe converte a imagem no papel em um arquivo que pode ser editado nos softwares Illustrator e Photoshop. Os produtos tecnológicos representam apenas alguns pontos percentuais das vendas. A Moleskine também criou uma própria rede de lojas, que deve chegar a 70 unidades no mundo neste ano, e conseguiu licenciar marcas como Batman, Star Wars e Os Simpsons. A linha de produtos hoje tem agendas, bolsas e acessórios de leitura, embora o carrochefe permaneça o caderno preto de bolso. No Brasil, todos os produtos chegam por importação. “Apesar do impacto da alta do dólar, quando se fala em marcas aspiracionais, o impacto é menor”, diz Carolina. “O público está disposto a pagar um pouco mais pela experiência da marca”. O preço médio é de R$ 80. “O preço não afeta tanto o consumidor da Moleskine, pois a compra é emocional”, acrescenta Ana Simões, da A.S. Fun Gifts. O alvo é o público jovem, que conhece os cadernos em viagens ao exterior. Hoje os produtos são feitos na China. Para os que associam a produção no país a má qualidade, a Moleskine lembra que a China inventou o papel e a tipografia. A empresa tem suas ações listadas na bolsa de Milão desde 2013. A receita líquida somou 86,4 milhões nos primeiros nove meses de 2015, uma alta de 32,8% em relação a um ano antes. O lucro líquido subiu 33,6%, para 15,2 milhões teria avançado 21,4% sem o efeito positivo do câmbio.
Valor Econômico – SP