13/11/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Com o capitalização na Brasil Pharma, de até R$ 600 milhões, como confirmado ontem pela varejista, a companhia prevê a entrada de recursos no caixa até o início do ano que vem, apurou o Valor. Como será oferta restrita de ações, sem a necessidade de pedido de registro prévio na Comissão de Valores Mobiliários, prazos e custos são menores. Analistas ainda recomendam cautela em relação ao papel, na expectativa de maior clareza sobre os termos da oferta antecipada na quartafeira pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. Segundo fonte ouvida, o BTG Pactual, maior acionista da companhia, não deve ter sua participação diluída na operação. O BTG pretende participar com parcela relevante, mas não teria batido martelo em relação ao montante. Por meio de fundos, o banco tem cerca de 38% do capital da rede. A oferta de ações deve variar de R$ 400 milhões a R$ 600 milhões, com preço mínimo por ação de R$ 0,40. No último aumento de capital no grupo, de R$ 400 milhões em 2013, o banco entrou com a soma total, incluindo posição de minoritários que não subscreveram. “Em nossa opinião, os resultados empresa e os movimentos corporativos poderiam ter um impacto positivo no preço das ações, considerando que a empresa finalmente parece estar resolvendo algumas questões de longa data. No entanto, não a recomendamos a investidores até que os termos da oferta pública sejam definidos”, escreveu em relatório Guilherme Assis, analista da Brasil Plural. O comando da BR Pharma detalhou, em teleconferência ontem, os efeitos da saída da Mais Econômica do grupo. A rede foi vendida para a gestora Verti Capital. O prejuízo da BR Pharma somou R$ 67,6 milhões de julho a setembro, uma queda de 27% perda ajustada foi de R$ 66 milhões e, ao se excluir a cadeia vendida, o prejuízo cai para R$ 50,5 milhões. O grupo não informou quanto pagou pela rede em 2011 e a vendeu por R$ 44 milhões. A empresa não deve vender suas outras cadeias (Rosário, Sant’Ana, Big Ben e Farmais). Analistas questionaram o efeito da venda da Mais Econômica. “Mesmo sem a rede, a geração de caixa continua a ser baixa e a empresa teve de incorrer em dívidas adicionais para apoiar o plano de recuperação, fazendo com que a injeção de capital seja crucial para apoiar a operação de simplificação até a empresa ter fluxo de caixa positivo”, afirmou Assis. A empresa está abrindo negociação com bancos para alongar perfil da dívida. A companhia mostrou alguns avanços na operação, em reestruturação coordenada pela Enéas Pestana & Associados. Mas com lojas ainda com mau desempenho, registra vendas fracas. A empresa teve uma queda de 3,1% na receita líquida no terceiro trimestre para R$ 878,5 milhões. Mas houve recuperação da margem bruta (de 27% para 27,6%) e maior racionalização das despesas (caíram 10% sobre ano passado), o que levou à um lucro operacional (não ajustado) positivo de R$ 9 milhões, o primeiro desde fim de 2013.
Valor Econômico – SP