06/11/2015 às 05h00 Por Cibelle Bouças | De São Paulo As indústrias brasileiras venderam no Brasil R$ 5,7 bilhões em artigos esportivos em 2014, pouco mais de um terço do mercado, de acordo com levantamento da Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (Ápice), que representa as marcas Asics, Alpargatas, Nike, Oakley, Puma, Specialized, Skechers e Under Armour (90% do setor). O setor de artigos esportivos como um todo registrou R$ 15,11 bilhões em vendas no ano passado, com crescimento de 6,7%, segundo a Iemi Inteligência de Mercado. Para este ano, a previsão é de aumento de 2,5% em receita. “O mercado enfrenta uma diminuição nas vendas neste ano. O poder de compra do consumidor está menor e é um desafio estimular as vendas no momento em que a compra de artigos esportivos não é uma prioridade para os consumidores”, afirmou Marina Carvalho, diretora presidente da Ápice. Para vencer a resistência dos consumidores, as empresas tentam reformular as marcas. A Alpargatas, antes de anunciar a venda das marcas Rainha e Topper para a Sforza, grupo de investimentos do empresário Carlos Wizard Martins, mudou a estratégia das marcas para tentar reaquecer as vendas, em um período de retração do consumo. A empresa acompanhou a tendência das demais fabricantes brasileiras, que perderam espaço nos últimos anos para marcas globais como Adidas, Nike e Under Armour, que avançaram no país em 2013 e 2014 com o câmbio mais favorável. A Alpargatas reduziu em 2014 o número de linhas Rainha e Topper e neste mês, reformulou as linhas da Rainha para tornar a marca mais voltada para tênis de moda casual e de corrida. A Rainha existe há 81 anos no Brasil e tem presença mais forte nas áreas de tênis esportivos simples, de preços inferiores a R$ 100 por par. “Vimos que as concorrentes se voltam a esportes e há pouco foco no prazer de se movimentar. Isso motivou a mudança nas linhas”, disse Marcelo De Cicco, gerenteexecutivo da Alpargatas. No segundo trimestre do ano, a Alpargatas registrou queda de 11,1% nas vendas de artigos esportivos (Mizuno, Topper e Rainha), em comparação ao mesmo período de 2014. A empresa alegou que a demanda enfraquecida resultou na venda de 2,4 milhões de pares. As linhas respondem por 60% da receita da Alpargatas. No segundo trimestre do ano, a receita líquida total da empresa cresceu 14%, para R$ 996,9 milhões. O lucro líquido aumentou 101,8%, para R$ 46 milhões. Na terçafeira, quando anunciou a venda das marcas para a Sforza por R$ 48,7 milhões, a Alpargatas informou que, mesmo com o processo de ajuste “bem sucedido”, os negócios de Topper e Rainha atingiram seus limites de expansão dentro da estrutura” da companhia. A Vulcabras Azaleia também reformulou o negócio da marca Olimpikus, responsável por 80% da sua receita, para recuperar mercado. A empresa fez mudanças no sistema de produção e na parte logística e informou que espera recuperação nas vendas a partir de 2016 principalmente. A Cambuci, dona da Penalty, também apresentou piora nos resultados. No segundo trimestre, as vendas aumentaram 11,5%, para R$ 80,1 milhões, mas as despesas cresceram mais e a empresa teve prejuízo de R$ 9,6 milhões, ante prejuízo de R$ 900 mil no segundo trimestre de 2014.
Valor Econômico – SP