28/10/2015 às 05h00
Por Dauro Veras | De Florianópolis
Um dos principais problemas logísticos no comércio eletrônico é a falta de segurança no transporte dos produtos. Nos últimos quatro anos, o roubo de cargas no Brasil teve alta de 42%, segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC). Em 2014, foram 17,5 mil ocorrências, a maioria nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com perdas estimadas em R$ 2,2 bilhões. As cargas mais visadas são de eletroeletrônicos e artigos esportivos, pelo alto valor agregado.
Com a crescente ramificação das entregas pelo interior do país, o roubo também ampliou a abrangência geográfica, constata o presidente da transportadora Jamef, Adriano Depentor. Com 3 milhões de entregas anuais e frota de 800 caminhões, a empresa atende grandes varejistas virtuais como a Netshoes e a Cnova, grupo que administra o comércio eletrônico do Ponto Frio, Casas Bahia, Extra e O Barateiro. Em torno de 15% do faturamento da Jamed são investidos em segurança, o que encarece o frete entre 8% e 10%.
“Às vezes um veículo sai com capacidade ociosa porque sua carga ultrapassa o valor máximo permitido pelas seguradoras”, exemplifica.
Outro obstáculo à produtividade são as restrições ao tráfego de caminhões nas cidades grandes e médias. “Muitas vezes, elas não foram analisadas tecnicamente, nem se leva em consideração que a carga é coletiva, não individual”, diz o empresário.
A transportadora tem buscado alternativas como o uso de veículos menores e de tecnologias inteligentes para roteirização, que concentram as entregas através do Código de Endereçamento Postal (CEP), selecionando-as por tipo de veículo, concentração e valor.
“O principal desafio no e-commerce é definir um balanço ideal entre o prazo de entrega e o custo dessa entrega”, opina João Barros, da consultoria em logística Integration, que tem entre os clientes o Grupo Abril, a Saraiva e a Centauro.
Ele lembra que permitir atrasos é fatal, pois as reclamações se espalham rapidamente: “Uma pesquisa que fizemos indicou que, para o consumidor, mais importante que receber rápido é receber na data prometida”.
Essa constatação parece ter sido percebida pelos varejistas virtuais, que passaram a estabelecer prazos mais realistas. Conforme a pesquisa da ABComm, o prazo médio de entrega de produtos nas principais capitais brasileiras aumentou 35% em comparação com 2013. O Rio de Janeiro é apontado como o estado com problemas mais graves nas entregas. As taxas de devolução permanecem baixas, com uma média de 4,17%. Mais de 41% das lojas virtuais entrevistadas apresentam um índice inferior a 1%.
O monitoramento da entrega e a interação com o cliente têm papel crítico para o sucesso dos empreendimentos comerciais na internet, avalia o diretor-geral no Brasil da Interactive Intelligence, Ricardo Gorski. A empresa americana fornece plataformas para e-commerce com tecnologia multicanal, que permite o contato por voz, chat, SMS, redes sociais e outros meios.
Entre os clientes que utilizam seus serviços está a Magazine Luiza, uma das pioneiras do comércio eletrônico brasileiro. “É possível, por exemplo, antecipar um problema e suspender a venda, evitando que o cliente reclame.”
Para aumentar a eficiência das operações, várias empresas têm firmado parcerias mais estreitas com as transportadoras. Há um mês a Kabum fechou negócio com a UPS Brasil, que instalou estrutura própria dentro de um dos centros de distribuição da varejista de eletroeletrônicos. “Ao acessar o site do e-commerce, os clientes que moram em áreas cobertas por nós em São Paulo poderão optar pela ‘Entrega Ninja’, serviço de entregas expressas mais rápido que o de qualquer outra transportadora”, diz a gerente de marketing da UPS Brasil, Katia Tavares.
No início do ano, a UPS encomendou um estudo sobre as tendências de consumo de e-commerce no Brasil, México, Europa, Ásia e Estados Unidos.
Os consumidores brasileiros ficaram posicionados como os mais avançados em seus hábitos de consumo pela internet: 56% fazem compras online, o índice mais alto de todo o mercado.
Valor Econômico – SP