02/10/2015 às 05h00
Por André Ramalho | Do Rio
A despeito de um cenário de desaceleração do setor de serviços no país, as bilheterias dos cinemas brasileiros crescem a dois dígitos e devem manter o ritmo de expansão neste ano, disse o diretorpresidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel. Ontem, o órgão regulador assinou um contrato com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a transferência de R$ 500 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual ao banco de fomento. Os recursos são para a expansão de salas no país, dentro do Programa Cinema Perto de Você, entre 2015 e 2019. Os novos recursos do fundo vão se somar aos R$ 300 milhões já investidos no programa. O faturamento das salas de exibição atingiu R$ 1,8 bilhão neste ano, segundo Rangel, e já se aproxima das receitas de 2014, quando o setor arrecadou R$ 1,95 bilhão. De acordo com o levantamento do mercado, feito pela Ancine, a renda das bilheterias acumula uma alta, até setembro, de 18% frente a igual período do ano passado. A taxa de crescimento do mercado é superior até mesmo à evolução do setor em 2014, quando as bilheterias faturaram 11% mais que 2013. “Crescemos em número de ingressos vendidos e faturamento”, disse Rangel, durante lançamento do segundo ano do programa Brasil de Todas as Telas, que visa expandir a produção e difusão audiovisual no país. Segundo o diretor da Ancine, o mercado de audiovisual cresce como um todo, mesmo num momento de retração econômica no país. “O mercado de TV por assinatura é um dos que mais tem sofrido com a situação de crise, mas ainda assim ele cresce, num cenário em que outros setores da economia se retraem”, disse Rangel, sem mencionar a taxa de aumento da televisão paga. Rangel destacou, ainda, a aceleração do processo de abertura de salas de cinema pelo país. Até setembro, de acordo com o diretor, foram abertas 183 novas salas, mais do que a média registrada entre 2011 e 2014, de 153 novas salas por ano. A expectativa é que, ainda neste mês, o país atinja a marca de 3 mil salas. Questionado sobre a continuidade dos investimentos do programa, diante do ajuste fiscal da União, Rangel lembrou que o programa é operado com recursos da indústria e que a atividade audiovisual mantém seu dinamismo. “Esses recursos continuam entrando. Não oneramos o caixa da União e por essa razão temos recursos para operar os investimentos do Fundo Setorial Audiovisual”, disse ele, destacando que só neste ano o fundo já arrecadou mais de R$ 1 bilhão.
Valor Econômico – SP