09/09/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Há um plano de venda de parte dos restaurantes do McDonald’s no Brasil, negócio administrado pela Arcos Dorados, que deve levantar US$ 50 milhões para o caixa da empresa nos próximos dois anos, valor equivalente a cerca de R$ 190 milhões. O Valor apurou que as negociações envolvem em torno de 100 lojas. A companhia ainda estuda a venda de áreas de lojas com boa localização para grupos do setor imobiliário em alguns países, como o Brasil, apurou o Valor. Também cogita se desfazer de escritórios e centros de distribuição na América Latina. A Arcos Dorados opera a marca de fastfood em 20 países, como Argentina, México, Venezuela e Chile. Em relação aos restaurantes, as conversas têm ocorrido com franqueados que já administram número significativo de pontos da rede no Brasil, dentro de um plano de “refranchising”, que consiste em transformar lojas próprias em franquias. Os valores equivalem a 25% dos US$ 200 milhões que a empresa prevê arrecadar com venda de ativos nos próximos anos, segundo anúncio feito meses atrás. Os recursos devem reduzir o nível de endividamento do grupo a dívida líquida estava em 2,8 vezes o lucro operacional em junho, versus 1,8 ao fim de 2013. A empresa já revisou planos de investimentos de curto prazo na América Latina, inclusive com abertura de menos pontos no mercado brasileiro. Em junho, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou a nota da Arcos Dorados, que perdeu o grau de investimento, como reflexo do enfraquecimento do desempenho operacional, afetado, em parte, pela crise no Brasil. Atualmente, 76% das cerca de 870 lojas da marca no país são da Arcos Dorados e a minoria restante (pouco mais de 200 unidades) pertence a cerca de 60 grupos franqueados. A empresa confirmou ontem, em nota, as negociações envolvendo a venda de restaurantes e ressaltou que a operação não deve reduzir “drasticamente” o volume total de lojas próprias. “Nosso plano atual inclui um número limitado de restaurantes para gerar este valor [US$ 50 milhões] e não implica uma mudança significativa no atual equilíbrio entre restaurantes operados por Arcos Dorados e aqueles geridos por nossos franqueados”, informa em nota. Em conversas recentes com investidores, Woods Staton, presidente da empresa, já havia admitido hipótese de negociações com franqueados no Brasil. A estratégia faz parte de um plano para transformar em dinheiro ativos imobiliários na América Latina. A Arcos Dorados quer se desfazer de escritórios e centros de distribuição, com possibilidade de negociar contratos de aluguel para continuar usando os espaços, liberando recursos para o caixa, informou a empresa para investidores. Outra medida em discussão hoje é negociar com grupos imobiliários parte dos terrenos de lojas que estão em áreas mais valorizadas, com a instalação de edifícios comerciais no local. Nesses casos, o restaurante seria mantido ou reinstalado e poderia aproveitar o tráfego a ser gerado pelo novo prédio. Em tele conferência com analistas há um mês, Staton citou as negociações com imóveis. “Estamos agora em conversas com banqueiros para nos ajudar no processo de reconstrução e venda. Além disso, avançou a alienação de alguns ativos noncore [como escritórios] e estou confiante de que estes irão gerar receitas significativas”.
Valor Econômico – SP