02/09/2015 às 05h00
Por Tatiane Bortolozi e Cibelle Bouças | De São Paulo
A produção brasileira de cerveja voltou a crescer no mês de agosto, como havia previsto a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil). Tradicionalmente, a produção do setor aumenta nessa época do ano, com as cervejarias preparando estoques para as vendas de verão. De acordo com dados do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), da Receita Federal, a produção em agosto totalizou 1,07 bilhão de litros, volume 3,48% superior ao registrado no mesmo mês de 2014. Essa foi a primeira alta na produção após seis meses consecutivos de queda. Em relação ao mês de julho, o aumento foi de 9,3%. Ao longo dos meses, o patamar de retração no volume produzido já vinha ficando menor. A maior queda mensal foi registrada em abril, de 12,8%. Em maio, o recuo na produção foi de 10,5%. Em junho, ficou em 7% e em julho, em 6,8%. As quedas na produção na primeira metade do ano eram esperadas, em função da base alta de comparação de 2014, quando foi realizada a Copa do Mundo da Fifa no Brasil, e também devido à retração no consumo, provocada pelo cenário econômico adverso. No acumulado de janeiro a agosto, a produção de cerveja no país somou 8,54 bilhões de litros, registrando um recuo de 5,64% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Para analistas do setor, o inverno mais quente no Brasil neste ano em comparação a 2014 e a decisão das cervejarias de desenvolver novas linhas de bebidas podem ajudar a impulsionar o mercado consumidor na segunda metade do ano, mesmo com o consumo das famílias ainda em retração. A inflação mais baixa da cerveja em relação ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) também pode ajudar nas vendas. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA 15) de agosto apresentou deflação de 0,68% na cerveja, ante uma inflação geral de 0,43%. No acumulado do ano, a inflação da cerveja é de 1,33%, ante um IPCA15 geral de 7,36%. A melhora no segundo semestre, no entanto, não deve ser suficiente para compensar a queda de produção registrada na primeira metade do ano. O Deutsche Bank projeta para o setor queda em vendas de 1,7% em 2015, e retração de 0,8% em 2016. A produção de refrigerantes, por sua vez, teve queda de 3,65% em agosto, para 1,16 bilhão de litros. É o sétimo mês de reduções consecutivas. No acumulado de janeiro a agosto, a retração foi de 6,48%.
Valor Econômico – SP