24/07/2015 às 05h00
Por Cibelle Bouças | De São Paulo
A fabricante britânica de refrigerantes Britvic anunciou, ontem, a compra da Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos (Ebba), dona das marcas de sucos Maguary e Da Fruta, por 120,8 milhões de libras (R$ 580 milhões). A aquisição será financiada com caixa próprio e com a captação de recursos por meio da emissão de até 12,36 milhões de novas ações ordinárias da Britvic (volume que representa cerca de 4,97% do capital da companhia). A Britvic vai pagar R$ 193,8 milhões na primeira parcela. O segundo pagamento, no valor de R$ 192,5 milhões, será feito em dois anos. A companhia britânica também vai assumir a dívida da Ebba, de R$ 192,5 milhões. A Britvic lidera o mercado de sucos concentrados na Europa, com 36,4% de participação, e é a quarta no segmento de sucos prontos, com 4,4% do mercado, segundo dados da Euromonitor International. Além de operar com marcas próprias, como Robinsons, Tango, J2O, Fruit Shoot, Teisseire e MiWadi, a empresa produz e vende Pepsi, 7Up e Mountain Dew Energy, sob um acordo com a Pepsico. A compra da Ebba foi a maneira encontrada pela Britvic de acessar o mercado brasileiro de sucos, que cresceu 9,9% por ano nos últimos cinco anos e movimentou R$ 6,6 bilhões em 2014. A empresa britânica informou que planeja trazer ao país algumas de suas marcas de sucos e refrigerantes. O Brasil é o sexto maior mercado de refrigerantes do mundo, tendo gerado R$ 84,3 bilhões no ano passado e registrado um crescimento médio de 13,6% em receita por ano entre 2009 e 2014. De acordo com dados da Euromonitor, a Ebba liderou as vendas de sucos concentrados no país em 2014, com 26,4% de participação. No segmento de sucos prontos, foi a terceira colocada, com 8,8%, atrás da CocaCola e da Wow Indústria e Comércio. A meta da Britvic é dobrar os resultados da Ebba até 2020. Em entrevista ao Valor, João Caetano de Mello Neto, presidente da Ebba, disse que vai se manter no comando da empresa. Haverá mudanças no conselho de administração, formado por sete membros, sendo seis representantes das famílias do Grupo Tavares de Melo (dona da Ebba) e um membro independente. O novo conselho terá três membros o próprio Mello Neto e dois representantes da Britvic. Os nomes ainda não foram definidos. Com a aquisição, a família Tavares de Melo, fundadora da Ebba, deixa o negócio. “A Britvic tem um modelo de gestão muito similar ao da Ebba e é uma companhia que gosta de preservar a cultura das companhias que adquire”, disse o executivo. Ele acrescentou que a Ebba se manterá como empresa e se reportará a Londres. A companhia possui em torno de 1,1 mil funcionários e duas fábricas, em Aracati (CE) e Araguari (MG). A Ebba também possui dois escritórios administrativos (em São Paulo e Recife), quatro escritórios regionais de vendas e dois entrepostos logísticos. Os contatos entre Ebba e Britvic começaram em 2010. Há um ano e meio, a empresa europeia tentou uma parceria com a Ebba para distribuir seus produtos no Brasil. “Nessa época, a companhia estava em uma fase de desenvolvimento de produtos e aumento da distribuição e não aceitou a parceria. Mas as conversas prosseguiram e resultaram na venda”, afirmou Eduardo Moreira Tavares de Melo, membro do conselho de administração do grupo Tavares de Melo e do conselho da Ebba. A Ebba foi orientada pelo Itaú BBA e pelo escritório Pinheiro Neto Advogados. A Britvic teve assessoria da Nomura e do escritório de Lefosse Law Firm. Uma pessoa ligada ao mercado financeiro disse que a venda da Ebba está em linha com o valor obtido por outras fabricantes de suco no mundo. Tavares de Melo disse que o grupo que leva seu sobrenome vai usar os recursos recebidos com a venda da Ebba para financiar outros projetos. O grupo mantém negócios nos ramos de combustíveis (postos Ello), de shopping centers e imobiliário. Um dos projetos é a instalação de uma fábrica para produzir pigmento de óxido de titânio, usado para fabricar tintas imobiliárias. A ideia é competir com a Millenium, que responde por cerca de um quarto da demanda no país. “O projeto está na fase de estudos. A construção da fábrica seria nos próximos anos, e levaria pelo menos 2 anos e meio para ser instalada”, afirmou.
Valor Econômico – SP