16/07/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Após o plano de venda de parte da companhia para fundos de investimento não sair do papel, a varejista de móveis e decoração Etna busca formas de voltar a crescer organicamente, com recursos próprios. Num período de expansão abaixo da esperada reflexo da crise econômica e pressões maiores nos custos, a companhia vai tentar recuperar ritmo de aberturas, voltando a abrir lojas em 2016 dois anos após a última inauguração. E começou um projeto de fechamento de parcerias com marcas estrangeiras para renovar portfólio. A Etna soma 18 lojas e é controlada pela família Kaufmann, dona da rede Vivara. Em 2014, o grupo controlador, que engloba as duas redes, teria alcançado receita de cerca de R$ 850 milhões, apurou o Valor. Concorre diretamente com a Tok&Stok, com quase R$ 1 bilhão em vendas em 2014& 894; 46 lojas, e que tem se expandido organicamente de forma mais acelerada. “Sabíamos que haveria grandes chances de termos um 2015 difícil para o varejo, então decidimos que seria preciso buscar acordos, trazer novos produtos e, com uma loja mais bem preparada, falarmos de inaugurações para 2016, quando achamos que a situação do setor deverá melhorar”, diz Daniela Hennemann Maia, diretora comercial da Etna. Dados do IBGE mostram que, de janeiro a maio, o setor de móveis e decoração registrou uma queda acumulada no volume vendido de 13,5%. Para este ano, a previsão é de expansão da receita bruta abaixo do esperado, na faixa de um dígito, e com provável redução no lucro líquido, reflexo do aumento de despesas operacionais como energia elétrica e água. A empresa não informa valores. Há uma previsão de algum aumento na rentabilidade, como efeito de uma maior participação nas vendas de produtos importados, que passaram a ser vendidos, em formato de projetopiloto, em 2014. São 34 marcas de produtos como utensílios domésticos, itens de decoração e de cama, mesa e banho importadas (eram 13 em dezembro), com previsão de chegar a 100 marcas ao fim de 2015. “Determinamos que, para proteger margem e termos demanda, temos que vender por até o dobro do preço vendido lá fora. Se um prato custa US$ 10, ele terá que custar aqui US$ 20, e em cima disso, a variação cambial”, disse. “Em média, a venda de um item que passou a incluir no portfólio a marca importada subiu 50% neste ano. Calculamos que 90% desse aumento vem da nova marca estrangeira”. Entre elas estão a canadense Trudeau e a italiana Bormioli. Para 2016, a expectativa é que a companhia volte a abrir, pelo menos, uma loja em São Paulo, numa tentativa de recuperar estratégia de ocupação de novas áreas. Em cerca de três anos, a Etna passou de 14 para 18 lojas e a Tok&Stok, controlada pelo fundo Carlyle (que injetou capital na rede), pulou de 30 para 46 unidades. Questionada sobre as razões que levaram a Etna a reduzir aberturas (rede já chegou a abrir três lojas ao ano), Daniela diz que o foco maior era reestruturar o portfólio, com novos opções de produtos, e implantar um novo sistema de gestão da Oracle em 2014. As últimas aberturas de lojas no setor de móveis e decoração mostram que cada nova unidade consome R$ 10 milhões, em média, em investimentos. Em relação aos planos de crescimento, que envolviam a entrada de investidores na companhia, com venda de fatia minoritária, Daniela diz que o projeto hoje não está em discussão na empresa. Em 2011, surgiram informações no mercado sobre a venda de 30% da Etna para fundos de private equity. Mas as conversas não avançaram. “Como se diz por aí, tudo está à venda, dependendo do preço, mas é algo que não está sendo discutido na empresa agora”, afirma ela. Etna e Vivara têm operações separadas parcialmente e com sedes no mesmo escritório, em São Paulo. O fundador, Nelson Kaufman, após contratar executivos para administrar a Etna o diretorgeral é Paulo Kruglensky é presença mais rara na rede. Dias atrás, um incêndio que atingiu menos de 10% da área da loja na zona norte de São Paulo, levou a Etna a fechar o ponto. A empresa não informa o valor das perdas, mas a loja estava assegurada. Não há data para sua reabertura.
Valor Econômico – SP