15/07/2015
Os investidores se dizem dispostos a retornar ao país de 77 milhões de habitantes, que tem a quarta maior reserva de petróleo no mundo e a segunda em gás. O Irã, que integra a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), poderá voltar a exportar petróleo.
O acordo sobre o programa nuclear iraniano, e o consequente levantamento das sanções contra Teerã se traduzirá em um novo fluxo de petróleo em um mercado que já tem oferta abundante, afetando as cotações.
Após o acordo, o mercado espera que a produção do Irã aumente o que vai acrescentar a uma oferta já muito abundante, explicou Ole Hansen, analista de Saxo Bank.
Devido às sanções econômicas, o Irã viu a sua produção cair a menos de três milhões de barris diários (mbd) desde 2012 e suas exportações se reduziram à metade, a uns 1,3 mbd atualmente contra 2,5 mbd em 2011.
O país poderia produzir 1 mdb adicionais nos seis meses posteriores ao levantamento das sanções, afirmou no início de junho o ministro do Petróleo, Bijan Namdar Zanganeh, durante uma reunião da Opep.
O petróleo, setor vital para a economia iraniana, mas subdesenvolvido há 10 anos, necessita urgentemente de investimentos. A suspensão das sanções impostas ao Irã, previsto no acordo alcançado com as seis grandes potências, permitirá reativar a economia iraniana em crise, mas esta recuperação deve demorar meses para ser sentida.
O país agora precisa de um desenvolvimento tecnológico e industrial, e, para isso, gastará bilhões de dólares, a menos que os investidores retornem, afirmou Daniel Bernbeck, funcionário da Câmara de Comércio Alemanha-Irã em Teerã.
Esses investidores aumentarão a produtividade, o que reduzirá o preço e a taxa de inflação, explicou ele.
No entanto, para David Ramin Jalilvand, do European Policy Center (EPC), com sede em Bruxelas, o acordo de Viena não soluciona todos os problemas.
Terá que esperar pelo menos até o começo de 2016 para que as sanções vinculadas à energia sejam suspensas, depois que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) verificar que o Irã respeita seus compromissos.
Além disso, os estrangeiros também podem demonstrar resistência em investir, pelo risco do retorno automático das sanções, em caso de violação do acordo. O tempo é, contudo, um fator de pressão.
A suspensão parcial das sanções após o acordo provisório de novembro de 2013 e as medidas técnicas do governo do presidente iraniano, o moderado Hassan Rohani, permitiram ao Irã registrar um crescimento de 3% em 2014, encerrando dois anos de recessão.
A inflação caiu de 40% a 15% e a moeda iraniana se estabilizou, depois de perder dois terços de seu valor. No entanto, essas medidas podem, em pouco tempo, chegar ao seu limite, e o presidente poderia perder, então, os resultados obtidos com a sua política econômica.
A maioria dos investidores esperam que o Irã volte à rede internacional de transações bancárias SWIFT, cuja ausência impede a maioria de empresas presentes no Irã transferir diretamente seus recursos da República Islâmica.
O próprio Rohani admitiu em junho que várias semanas e vários meses passarão entre a assinatura do acordo e sua aplicação, especialmente no que se refere às sanções.
Brasil Econômico – SP