07/07/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
O plano de recuperação da Brasil Pharma, braço de varejo de farmácias do BTG Pactual, pode avançar nas próximas semanas. A definição do valor do aumento de capital do banco na varejista, que deve ficar na faixa de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões, apurou o Valor, vai depender da análise que está sendo feita neste momento na sua maior rede de drogarias, a paraense Big Ben. Segundo fonte, a cadeia de farmácias não deve ser vendida pela companhia, apesar de existir um projeto anterior que cogitava essa possibilidade, na busca de novo capital para a empresa. A Big Ben, do fundador Raul Aguilera, atual sócio da BR Pharma, com cerca de 270 pontos no Norte e Nordeste, é responsável por quase a metade das vendas da Brasil Pharma. Segundo o Valor apurou, os controladores querem ter uma visão mais clara de quanto a integração da Big Ben dentro da BR Pharma pode trazer em termos de ganhos para o negócio a curto prazo e essa análise deve ser concluída até o fim deste mês. Com isso em mãos, os sócios devem definir com maior precisão o tamanho do aporte necessário no grupo varejista de farmácias. Já se concluiu na empresa que um aumento de capital será inevitável. A questão é fechar um aporte dentro daquilo que é realmente necessário, e isso só ficará mais claro após a análise do tamanho dos ganhos de sinergia gerados com a integração completa da Big Ben dentro da BR Pharma. Adquirida há três anos, a Big Ben foi mantida separada dos outros negócios comprados, sem qualquer iniciativa de integração e de captura de sinergia até o começo deste ano. Caso seja feito, será o segundo aumento de capital da Brasil Pharma, em pouco mais de um ano. Em junho de 2014, foi homologada uma primeira operação de R$ 400 milhões, com subscrição de 100% do valor por parte do BTG. Também desde o ano passado, a companhia tem fechado uma série de contratações de empréstimos com bancos para capital de giro. Dentro do plano de recuperação da empresa, a hipótese de venda de ativos, como redes controladas pela empresa, não avançou, mas não estaria completamente descartada. A Br Pharma é dona também das redes Sant’ana, Mais Econômica, Rosário e Farmais. Há algumas semanas começaram a circular rumores de que as redes Mais Econômica e Big Ben poderiam estar sendo negociadas esta última para a Extrafarma, varejista de farmácias do grupo Ultra. Big Ben é a operação mais rentável da BR Pharma. Tem patrimônio líquido de R$ 640 milhões e gerou receita bruta de R$ 1,7 bilhão em 2014, quase a metade das receitas totais da BR Pharma, de R$ 3,8 bilhões. Fontes próximas às empresas afirmam que não há negociações em andamento. O plano atual é manter a Big Ben e não vendêla. Há alguns meses, a rede paraense chegou a ser oferecida ao mercado apurou o Valor. A ideia, agora, é fortalecer a BR Pharma por meio da integração com a Big Ben. Uma varejista de farmácias do Nordeste teria avaliado a aquisição da Big Ben, mas a hipótese de ter problemas relacionados a nível de concentração no mercado desestimulou o negócio. Também pesou, na BR Pharma, a visão de que vender o seu principal negócio, com problemas operacionais após decisões estratégicas consideradas equivocadas pelo mercado, reduziria o potencial de crescimento da companhia.
Valor Econômico – SP