06/07/2015 às 05h00
Por Adriana Mattos | De São Paulo
A varejista suíça Dufry decidiu criar novos formatos de operação para tentar ocupar espaços em aeroportos que estão sendo entregues ou expandidos nos últimos meses. São megastores, com até 1,8 mil m2 , da bandeira Duty Paid, e lojas menores, de 100 m2 a 200 m2 da Duty Free. A empresa ainda estuda abrir unidades da livraria Hudson fora de aeroportos. No exterior, há pontos em regiões de fronteira e em linhas de cruzeiros marítimos. “É algo que consideramos porque já verificamos que existe espaço para o modelo, mas não há prazo para isso”, disse Gustavo Fagundes, diretorgeral da Dufry no Brasil, ao mencionar o projeto com a Hudson, que não vende só livros e revistas, mas eletroeletrônicos e produtos de conveniência. Há planos para a abertura de megalojas Duty Paid (antes da área de embarque e sem isenção de impostos) em 2016, no Aeroporto Internacional de São Paulo e do Rio de Janeiro. Só há duas em operação, em Brasília e Natal. Ainda devem ser abertas este ano as primeiras minilojas duas em São Paulo, também no aeroporto de Guarulhos, e uma no Rio. Esses pontos menores ficarão localizados ao lado dos portões de embarque de passageiros e só devem vender produtos de alto giro de estoque. A companhia planeja abrir 49 pontos no país neste segundo semestre e pelo menos outras 14 lojas em 2016, atingindo a abertura de 63 unidades em dois anos. É um crescimento orgânico que já estava previsto antes da atual crise no mercado de consumo, pois são áreas de lojas em aeroportos sob regime de concessão, com parte dos contratos fechados anos atrás. Com isso, a Dufry deve ampliar em 90% o volume de pontos no país entre 2015 e 2016 hoje são 70. A rede é a maior varejista de aeroportos do mundo, com 23% do mercado e US$ 9 bilhões em vendas projetadas em 2015. As aberturas ocorrem num momento com fracos resultados globais nas vendas “mesmas lojas” (em operação há mais de um ano), que encolheram 2,1% em 2014. No fim de 2013, a Dufry tinha um plano agressivo que não se concretizou: com 58 lojas, previa inaugurar outras 58 até o início da Copa do Mundo, segundo o comando na época, mas atrasos em obras nos aeroportos teriam impedido a conclusão da meta. Com o plano atual, a área de vendas no país hoje, que atinge 25 mil m2 , deve chegar a 38 mil m2 em meados do ano que vem, ou seja, um aumento de pouco mais de 50%. Esses 13 mil m2 em novos pontos equivalem ao tamanho de dois hipermercados ou a seis lojas da Renner. “Estamos abrindo conforme as obras [dos aeroportos] vão sendo concluídas. Dependemos desse andamento, então são inaugurações já previstas. O que anunciamos é o que já sabemos que será possível abrir”, diz Fagundes. Segundo o plano, este ano serão abertas 16 unidades da Duty Free, 15 da Duty Paid e 18 unidades das livrarias Hudson. Quem mais cresce em área (2/3 da nova metragem) será o negócio que mais rende caixa para a empresa, as lojas livre de impostos nos aeroportos internacionais, a Duty Free. Elas somam 39 pontos no país, dos 70 em operação, e mais de 70% da receita. A expansão orgânica ocorre num momento de reestruturação global, após duas grandes aquisições desde o fim de 2014 (dos grupos Nuance e World Duty Free) e de baixo crescimento no país. Em 2014, a companhia se expandiu 5% em moeda local, abaixo da inflação em 2014 (o IPCA subiu 6,4%). O principal projeto foi a abertura da operação no terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, que trouxe nova receita ao grupo no segundo semestre do ano. “Claro que o momento atual nos afeta e a desaceleração do mercado tem efeito sobre o movimento de passageiros. Mas o mercado não deixou de crescer”, afirma Fagundes. A empresa não faz projeções de seus números para 2015. De janeiro a maio de 2015, a demanda internacional nos aeroportos aumentou 13,3%, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil.
Valor Econômico – SP