01/07/2015 | 15:37
“Uma das melhores maneiras de se fazer dinheiro é comprar o medo”, disse Lawrence McDonald, estrategista-chefe do Societé Generale, ao site Market Watch. A declaração foi dada em relação ao que ocorre na Grécia, que na terça-feira (30) deu um calote de 1,6 bilhão de euros em sua dívida com o Fundo Monetário Internacional. Nesta quarta-feira (1º), o país está provando que existe “vida após a morte”.
“Ao longo próxima semana há uma boa chance de vermos ralis espetaculares na Bolsa porque a questão não está de maneira alguma acabada”, disse McDonald. Ele acredita que, apesar de tudo o que ocorreu na terça, os gregos devem permanecer na zona do euro. E mesmo se saírem, há motivos para acreditar que o cenário para as empresas do país vão ter bom desempenho no longo prazo. A depreciação cambial da provável nova moeda, o dracma, poderia ser benéfica para as companhias gregas no longo prazo, pois elas conseguiriam exportar mais. Além disso, os investimentos estrangeiros voltariam a ocorrer, já que o mercado prefere uma notícia ruim a uma indefinição completa.
Ao investidor que acha as ações gregas muito arriscadas, comprar pequenas participações em companhias europeias que estão sendo atingidas pela onda de pessimismo com a Grécia pode ser uma boa ideia. Lawrence McDonald também afirmou ao site que as economias europeias estão melhorando e que o continente ainda está em fase de relaxamento monetário enquanto os Estados Unidos pensam em elevar os juros. Levando tudo isso em consideração, o Market Watch elencou cinco motivos para acreditar que o pânico sobre a Grécia é exagerado.
1. A Grécia não é o Lehman Brothers
No dia 29 de junho, o “sell-off” global em torno da crise grega teve muito a ver com o discurso do presidente do Federal Reserve de Nova York, William Dudley. Na ocasião, ele comparou a situação atual com a a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers. Para analistas, a situação é bem diferente, já que grande parte da dívida da Grécia saiu das mãos de particulares para a contabilidade de governos europeus. A exposição dos bancos do continente é mínima.
2. Calote não será desastroso
McDonald afirma que o FMI dará para a Grécia mais três ou quatro semanas. “Eles não colocarão os gregos em default”, aposta o estrategista. Ele explicou que os credores do país estavam perto de suavizar as exigências na proposta de acordo, mas ficaram sem opção quando Tsipras deixou as mesas de negociação no fim de semana.
3. O BCE está mantendo a assistência aos bancos gregos
Se o Banco Central Europeu continua aprovando os fluxos de liquidez emergenciais aos bancos gregos, então a autoridade monetária continental ainda não deu às costas ao país. A ameaça de cortar a capitalização, posição tomada pelo BCE, é a mesma tática adotada para o Chipre aceitar as medidas de austeridade.
4. A Grécia quer ficar na Europa
O discurso duro de Tsipras e do ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, surge da dificuldade de fazer os aliados políticos do partido de extrema esquerda (Syriza) a aceitarem as reformas propostas pelos credores. As pesquisas de opinião mostram que 70% do eleitorado quer permanecer na zona do euro e 57% aceitariam isso mesmo que fossem necessárias medidas de austeridade. O referendo de domingo (5), com a população irritada com os bancos fechados e o limite de saque nos caixas eletrônicos, pode servir para acabar com o impasse político e levar o país ao encontro de um acordo.
5. Grécia e credores não estão longe de um acordo
Ao contrário do que era visto no começo das negociações, as diferenças entre o que o governo grego quer e o que os credores desejam não são mais tão grandes. A controvérsia agora fica apenas no tamanho dos cortes em aposentadorias e do aumento nos impostos para o comércio. Porém, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, parece ter jogado um balde de água fria nessa hipótese. Ele afirmou nesta quarta-feira (1º) – após uma segunda teleconferência dos ministros das Finanças das zona do euro sobre a Grécia – que, considerando a situação política atual do país mediterrâneo, o grupo não vê espaço para mais negociações para um acordo de resgate até a realização do referendo, no domingo (5), sobre as propostas dos credores internacionais.
Revista Amanhã on-line – RS