25/06/2015 às 05h00
Por Duncan Robinson, Naomi Rovnick e Arash Massoudi | Financial Times
Os grupos europeus de supermercados Ahold e Delhaize vão juntar forças. O acordo, no valor de 25 bilhões, pretende proporcionar maior escala às empresas nos Estados Unidos e desafiar o Walmart em seu país de origem. A combinação criará a quinta maior varejista dos Estados Unidos e a quarta maior da Europa, com mais de 6,5 mil lojas e 375 mil funcionários, atendendo a mais de 50 milhões de clientes semanais. A holandesa Ahold e a belga Delhaize geram a maior parte de suas vendas nos EUA, onde possuem redes como a Stop & Shop, a Giant e a Food Lion. A aliança ocorre num momento em que grupos de supermercados nos EUA e na Europa enfrentam vários desafios, que vão desde a ascensão das redes de desconto alemãs até a mudança dos hábitos do consumidor. Ao se associarem, as empresas poderão usar o aumento de escala para negociar melhores condições com os fornecedores. Embora anunciado como “fusão entre iguais”, o negócio foi estruturado como uma tomada de controle. Assim, os acionistas da Ahold, que tem um valor de mercado de 16,8 bilhões, controlarão 61% do capital da empresa resultante. Os acionistas da Delhaize deterão o restante e receberão 4,75 ações ordinárias da Ahold para cada ação que mantêm em carteira. As ações da Delhaize, cujo valor de mercado é de 8,7 bilhões, caíram 7,7%, para 81,29, em Bruxelas. Os papéis da empresa tiveram as negociações suspensas na terçafeira, após registrar grandes altas. As empresas pretendem obter uma economia de custos de 500 milhões em três anos. A assessoria em investimentos Bernstein, que inicialmente tinha descrito o acordo como “uma ideia muito ruim”, em nota a clientes, atenuou suas críticas, dizendo que a medida constitui uma boa notícia para os acionistas da Ahold, em especial. Analistas tinham manifestado ceticismo quanto ao potencial do negócio em reduções de custos. O analista Bruno Monteyne, da Bernstein, disse que 500 milhões de euros em sinergias “não é otimismo exagerado”. Mas disse estar “ainda preocupado com o risco de execução”. O principal executivo da Ahold, Dick Boer, disse que a meta representa um esforço, mas pode ser alcançada. “Estamos muito convencidos de que 500 milhões são factíveis, mas será um trabalho árduo”, disse. Boer será o principal executivo do novo grupo, enquanto Frans Muller, principal executivo da Delhaize, será seu vice, e acompanhará a integração das duas companhias. O presidente do conselho de administração da Delhaize, Mats Jansson, ocupará o mesmo cargo na empresa resultante, que se chamará Ahold Delhaize. Seu congênere na Ahold, Jan Hommen, será o vicepresidente do conselho de administração, juntamente com o diretor de grupo da Delhaize, Jacques de Vaucleroy. Com uma base de lojas que se estende desde a Costa Leste dos Estados Unidos até a Indonésia, a associação terá de ser aprovada pelos órgãos reguladores. “Há muito a ser feito”, disse Muller. As empresas informaram que preveem a conclusão da operação para meados de 2016. A empresa resultante manterá seus registros nas bolsas de Amsterdã e de Bruxelas.
Valor Econômico – SP