Dunkin’Donuts investe em novo modelo de negócio, com masterfranqueados regionais, e cardápio com sanduíches
Erica Ribeiro
eribeiro@brasileconomico.com.br
Depois de uma década fora do mercado brasileiro, a americana Dunkin’ Donuts uma das marcas da holding Dunkin’Brands volta ao Brasil com mudanças estratégicas que passam da troca de um operador nacional, como aconteceu na experiência passada, para master franqueados regionais.
Um deles, o Grupo OLH criado em 2004 e que foi responsável por levar as franquias da Subway para o Centro-Oeste já deu o pontapé inicial, com a abertura de duas lojas em Brasília.
A meta são 65 unidades em toda a região em cinco anos.
Os executivos da Dunkin’ Donuts estão agora procurando master franqueados no eixo Rio São Paulo para inaugurar outras 50 unidades no mesmo período.
Fundada em 1950, a Dunkin’ Donuts tem sede em Canton, Massachusetts (EUA) e tem 11.300 restaurantes distribuídos em 36 países.
Jeremy Vitaro, vice-presidente e responsável pela área de Desenvolvimento Internacional da marca, afirma que, em sua retomada, a rede vai destacar seu posicionamento de não ser uma doceria e, sim, uma cafeteria.
E que as experiências do passado fizeram a companhia repensar sua forma de atuação no país.
Nós saímos do mercado brasileiro em parte porque não tínhamos uma infraestrutura regional adequada para crescer e expandir no país. Aprendemos muito desde então, construímos uma cadeia regional, crescendo nossa presença na América Latina, onde temos 350 restaurantes Dunkin’Donuts. Desde que saímos do Brasil, temos melhorado a nossa abordagem, incluindo a seleção de parceiros e o design das lojas. Agora, também temos um foco maior no menu de bebidas e lanches durante todo o dia, emelhora de itensdomenu, detalha Vitaro.
A informação de Vitaro é confirmada por Lyana Bittencourt, diretora de Marketing e Desenvolvimento do Grupo Bittencourt, responsável pela formatação das franquias DunkinDonuts no Brasil.
A decisão de não mais funcionar como um operador nacional, como aconteceu em sua primeira vinda para o Brasil, optando por parceiros regionais, está entre os passos mais importantes da empresa em sua retomada. Hoje, as empresas precisam conhecer melhor o mercado e suas nuances regionais. A segunda grande mudança é de não ser mais reconhecida como uma loja de doces e, sim, uma cafeteria. Hoje, os donuts representam menos de 50% domix de produtos da marca, comenta Lyana.
Vitaro também comentou que o foco da empresa é crescer de forma disciplinada para garantir o desenvolvimento de redes de franqueados que tragam também rentabilidade no Brasil.
Estamos lidando com a nossa reentrada brasileira com a máxima dedicação em todas as áreas, incluindo a imagem da loja, seleção dos franqueados, escolha do local e serviço ao cliente. Iremos crescer de uma forma disciplinada com múltiplos parceiros de franquia, para garantir o desenvolvimento de redes de franqueados que tragam rentabilidade. Nós também estamos confiantes em nossa seleção do Grupo OLH para ser o nosso franqueado para Brasília e Goiás, pois eles têm um histórico comprovado de sucesso na indústria de restaurantes de serviço rápido local, destaca.
A adaptação do cardápio ao gosto do brasileiro também é parte das mudanças da empresa em seu projeto de reentrada no mercado.
Vitaro afirma que, além dos produtos que são o carro-chefe da marca, sabores bem brasileiros estarão no cardápio.
Sempre que entramos em um novo mercado, nosso objetivo é oferecer uma ampla gama de ofertas de produtos do nosso menu principal, como o Dunkin Donuts Original Blend Coffee, bebidas à base de café, donuts e sanduíches, juntamente com itens de menu regionais que atendem ao gosto local. Na América Latina, por exemplo, oferecemos produtos regionais, como Donuts de doce de leite em alguns países, e itens de menu mais específicos de cada país, como o Iced Chicha Coolatta no Peru, que usa o milho roxo local. No Brasil, omenu incluirá produtos inspirados em sabores locais, incluindo doce de leite,maracujá e coco, comenta, acrescentando que amaior parte dos ingredientes que serão utilizados nos restaurantes brasileiros são de origem brasileira.
Itens específicos, como alguns ingredientes e embalagens, serão sempre importados.
No que diz respeito à fabricação, diz ele, alguns restaurantes Dunkin Donuts tem padeiros nas instalações, enquanto outros preparam rosquinhas em cozinhas centralizadas, e alguns servem donuts que foram elaborados, utilizando a receita da marca, que é congelada e entregues aos restaurantes, onde são assados e finalizados à mão.
Apesar de ser conhecida por ter um cardápio mais calórico, Vitaro garante que o cardápio tem opções que atendem às necessidades de todos os perfis de clientes.
Nos EUA, como em outros países, oferecemos uma grande variedade de itens de menu para se adaptar a qualquer estilo de vida, incluindo as opções melhor-para você, no menu DDSmart. Agora, também temos um foco maior sobremenu de bebidas e lanches durante todo o dia. Nós acreditamos fortemente em um equilíbrio saudável entre guloseimas e melhores opções para os nossos clientes, destaca.
Além do Brasil, a DunkinDonuts Internacional tem trabalhado no retorno da marca em outros mercados.
Com 3.600 lojas fora dos EUA, espalhadas por 36 países, a empresa retornou à Rússia em 2010.
Em 2012, foram abertos os primeiros restaurantes Dunkin’ Donuts na Índia e na Guatemala, e em 2013, foi a vez do Vietnã e do Reino Unido.
No ano passado, anunciou planos para desenvolver mais de 1.400 restaurantes em toda a China.
A holding Dunkin Brands, que no primeiro trimestre desse ano registrou receita de US$ 2,3 bilhões, é dona da rede Baskin Robbins, de bolos e sorvetes, com 7,5 mil lojas em 13 países e vendas em outros 18, além dos EUA.
Segundo uma fonte, a entrada também dessa marca no Brasil vem sendo negociada.
Mas são cenas de um próximo capítulo, diz a fonte.
Brasil Econômico – SP