20/05/2015 Com o aumento do desemprego, negócios crescem porque representam opção de renda e investimento mais seguro O crescimento poderá não ser na casa de dois dígitos com o qual se acostumou o franchising brasileiro até 2013, mas será robusto, se comparado com as projeções dos principais setores do país e a retração prevista para o Produto Interno Bruto (PIB), e poderá ser até maior que no ano passado. Conforme estimativas da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento dos negócios com franquias podem fechar 2015 com crescimento de 8% a 9%, acima dos 7,7% do ano passado, quando totalizou R$ 127,33 bilhões ante os R$ 118,27 bilhões de 2013. Historicamente, quando a economia desacelera e a taxa de desemprego sobe, esses negócios crescem porque as pessoas buscam uma alternativa de renda e o franchising sempre se mostra um investimento mais seguro nesse momento por causa do histórico das redes, que conseguem ser e organizar rapidamente em diferentes cenários, explica Claudio Tieghi, diretor de inteligência de mercado, relacionamento e sustentabilidade da ABF. Tieghi atribui a estimativa de receita maior também às projeções de expansão neste ano do número de novas unidades, entre 9% e 10%, e novas marcas, 8%. O sistema encerrou 2014 com 125.641 pontos de venda, alta de 9,8%, e 2.942 redes, 8,8% a mais, o que mostra que cada vez mais empresas veem na franquia uma maneira de expandir seus negócios, com capital de terceiros. O setor vem crescendo acima do PIB. Um dos motivos para esse bom desempenho é que o franqueado entra no mercado associado a uma marca já estabelecida, contando com o conhecimento, a experiência, a orientação, o treinamento e o suporte operacional do franqueador, o que reduz consideravelmente sua margem de riscos, diz Heloisa Menezes, diretora técnica do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Para Heloísa, existe ainda um percentual elevado de potenciais empreendedores com intenção de montar uma franquia. Há tendência de ampliação do market share do setor, atraindo principalmente investidores que possuem aversão ao risco. O menor risco, diz Heloísa, pode ser medido, além do desempenho sempre em expansão, no apoio crescente dos franqueadores com a oferta de capacitação, de mecanismos de gestão e controles mais eficazes aos franqueados. O que resulta numa taxa de mortalidade desses negócios bem abaixo do mercado em geral – acima de 20% antes ao final do segundo ano de fundação. Segundo a ABF, no franchising, ficou em 3,7% em 2014. Conforme os especialistas, há muitas oportunidades a serem exploradas no franchising brasileiro, sejam em setores, formato de negócios ou expandindo para as periferias das grandes cidades e municípios do interior ainda pouco ou não atendidos pelos franqueadores. O desenvolvimento econômico dos últimos anos elevou o poder de compra da população e a expansão da classe C resultou em novos consumidores que, suprida as necessidades básicas, ampliaram o leque de consumo. E tudo isso também tem sido claramente observado nas cidades de médio e pequeno portes, afirma Tieghi, acrescentando também que as periferias apresentam, não raras vezes, performance melhor em vendas que muitos municípios. As operações de franquias estão presentes em 37,8% das cidades no país, ou seja, ainda têm muito a crescer fora dos grandes centros, diz Tieghi. Por esse viés geográfico, oportunidades existem em praticamente todas as áreas do franchising, mesmo para as marcas que já abarrotam os luminosos das grandes cidades, desde que os investidores estejam atentos às reais necessidades de cada localidade e faça uma boa escolha do ponto de venda, imprescindível em qualquer ramo. Não há negócio em franquia que já esteja esgotado no Brasil, diz Tieghi. Entre os segmentos com grande potencial para quaisquer região, estão o de alimentos para consumo no lar ou fora, construção e serviços de manutenção e cuidados domésticos, saúde, beleza e lazer, lavanderias e oficinas de costura, bijuterias, comércio de roupas e oficinas de reparos de veículos, motos e equipamento de informática. Os negócios promissores para 2015 têm uma forte característica de atender às necessidades básicas da população, que têm adquirido novos hábitos nos últimos anos, diz Heloisa, para quem a maior parte desses ramos teve o consumo estimulado durante o período de mais forte aquecimento da economia. Juarez Leão, presidente da consultoria Leão Business Upgrade, especializada em varejo e franquias, adiciona à lista de áreas com grande potencial de crescimento todas as que vendem bens e serviços direcionados para mulheres. Hoje, com a presença cada vez mais forte das mulheres no mercado de trabalho, há uma demanda crescente por produtos e serviços tanto para elas como para seus filhos e lares, e nem todas as áreas estão bem atendidas por franquias. Leão inclui na lista ainda o comércio de alimentos e produtos naturais e orgânicos, uma preocupação crescente da sociedade com a qualidade de vida e o meio ambiente, e produtos e serviços direcionados para a população mais velha que, mais longeva e com maior poder aquisitivo, também ainda não está completamente assistida pelo franchising. Na área de alimentação, responsável por um quinto do faturamento do franchising brasileiro no ano passado, a forte tendência tem sido os food trucks, diz Tieghi. Tanto que a ABF iniciou estudos para avaliar o crescimento das marcas nessa modalidade. Segundo o executivo, o modelo de quiosques, que exige investimento menor, também têm avançado: 10,7% de alta em unidades próprias e franqueadas em 2014, ante o ano anterior, para 4.350; 22% em número de redes operando nesse formato, para 122; e 7,1% em faturamento, a R$ 2,612 bilhões. Na busca pelo pequeno investidor, as redes também têm ofertado mais o modelo de micro-franquias. No ano passado, a alta de marcas que entraram no segmento foi de 12,8%, a 433. E as franquias mais experientes também têm partido para a internacionalização: 96 operam franquias e 10 exportam para um total de 53 países. Estudos da ABF mostram que as franquias brasileiras são bem recebida nos EUA, Filipinas, Japão, China, entre os principais.
Brasil Econômico – SP