Para Sidney Ito, da KPMG, profissionalização está na ordem do dia das empresas familiares
O tema governança corporativa está mais do que quente no setor de varejo. Primeiro porque o mercado cada vez mais competitivo exite mudanças de mindset e de estrutura das companhias. Segundo porque as empresas, mesmo as familiares, sabem que se não se estruturarem vão ficar pra trás. Apesar dessa consciência, há um fator intangível que complica o processo de melhoria de governança no setor: o apego.
“Desapegar e passar as decisões do dia a dia para outras pessoas é o grande desafio da governança no varejo familiar”, afirma Sidney Ito, sócio-líder da área de Risk Consulting da KPMG Brasil. Conceber uma marca tem um aspecto emocional forte envolvido e não é somente entre empreendedores brasileiros. “Quando se fala em empresas familiares, é tudo muito parecido, mesmo em outros países”, diz Ito.
Apegar-se aos detalhes da operação, contudo, é um erro se a ideia é crescer no mercado, avalia o consultor. “É melhor ele deixar de pensar no dia a dia para pensar no futuro estratégico do negócio”, afirma.
O desapego é desafiador, mas os benefícios valem a pena, diz Ito. A troca de prioridades permite ao empreendedor pensar em novos produtos, analisar a concorrência e desenvolver estratégias para ganhar espaço no mercado. E chega em um determinado momento em que não é mais possível ignorar a mudança. “Quando você começa a ficar grande, você precisa renunciar às decisões do dia a dia”, considera.
Pular etapas não é aconselhável, afirma Ito. Quem fez todo o processo de profissionalização sem passar em cada etapa, corre o risco de sumir do mercado. “Não se faz isso em seis meses. O risco é enorme”, avalia. Ele diz que empresas que abriram capital entre 2007 e 2009 – no auge da Bolsa de Valores, fizeram às pressas e sem maiores controles internos. Resultado: perderam valor.
Apesar de todos esses pontos, Ito lembra que tem crescido o número de empresas familiares interessadas em melhorar a governança das suas companhias – um pulo e tanto para a profissionalização e o fortalecimento do setor.
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