27/04/2015 | 09:30 – Atualizado em: 27/04/2015 | 09:29
Ford e FCA garantiram a manutenção dos seus planos para o país. Segundo o VP de Assuntos Corporativos da americana na América Latina, portfólio global é uns dos segredos para diminuir impactos da retração do setor
Rio – Os últimos números divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não foram nada animadores e confirmaram a retração do setor automotivo, com as vendas de veículos despencando mais de 17% no primeiro trimestre do ano, ante o mesmo período de 2015. Mas duas das principais montadoras do país, Ford e FCA Fiat Chrysler Automobiles (empresa que surgiu da união da Fiat com a Chrysler e, no Brasil, engloba as marcas Fiat, Jeep, Chrysler, Dodge e Ram) garantem que vão manter os investimentos previstos para esse e para o próximo ano.
Entre as quatro grandes, a Ford foi a que viu seus licenciamentos terem a menor queda nos primeiros três meses do ano, pouco mais de 3,5%, de acordo com a Anfavea. Segundo vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul, Rogelio Golfarb, a retração foi contida pela expansão da participação de mercado da empresa, que passou de 9,2% no primeiro trimestre de 2014 para 10,5% de janeiro a março desse ano. E os planos de investir R$ 4,5 bilhões no país, de 2011-2015 não foram alterados.
Quando olhamos o primeiro trimestre de 2015, fomos a única das grandes com market share acima dos 9% , que cresceu em participação de mercado. Isso é resultado de uma estratégia empresarial focada no aumento da competitividade, diz Golfarb.
Um dos pontos mais importantes, completa o executivo, é disponibilizar aqui produtos globais, mas sem abrir mão da fabricação local. O Fiesta produzido em São Bernardo é o mesmo da Europa. Temos um portfólio global, que não deixa de lado o nosso foco em tecnologia, conectividade, e tudo aquilo que eletrônica e automação podem oferecer. Outro lado é a questão da relação custo-benefício. Buscamos oferecer mais pela capacidade de compra que o consumidor brasileiro tem, exemplifica o executivo.
Para ele, a tendência é que a queda de 17% continue ao longo do ano, ou até se acentue. Mas a meta da Ford é ir na contramão e cair menos que a média do mercado. A montadora ainda promete novos lançamentos até o final do ano. Apesar da dificuldade da indústria, não tiramos o pé do acelerador de investimentos e da competitividade, ressalta ele.
Ao mesmo tempo, o executivo da Ford garante também que a montadora segue a realidade da indústria oferecendo ofertas e financiamentos com desconto. O diferencial aí, diz Golfarb, são os lançamentos mais longos. Falamos do KA quase um ano antes. A indústria deixa para falar quando a novidade está pronta. Com os produtos cada vez mais complexos e o aumento da competição, é importante comunicar o que ele realmente é o quanto antes, para que o consumidor entenda melhor os seus diferenciais, explica.
Já a FCA Fiat Chrysler Automobiles foi a que mais sofreu no primeiro trimestre do ano, e amargou uma queda de mais de 29% das vendas da marca Fiat, atual líder de mercado, de acordo com a Anfavea. Mesmo assim, diz o presidente da FCA para América Latina, Cledorvino Belini, os investimentos de R$ 15 bilhões, previstos para o ciclo de 2013-2016 não foram revisados.
O montante, explica ele, está sendo destinado para projetos como a modernização da fábrica da Fiat em Betim (MG), a construção da nova planta da Jeep em Goiana (PE), o desenvolvimento de novos produtos e o aperfeiçoamento de processos, entre outras coisas.
Mantivemos nosso plano de investimento, porque o potencial da indústria brasileira no médio e longo prazos é invejável (…) Especificamente no mercado automotivo, há grande potencial de longo prazo. O Brasil tem ainda um baixo índice de motorização per capita. Enquanto nos EUA há 900 carros e na Europa 650 automóveis para cada grupo de mil habitantes, essa proporção no Brasil é de 200 veículos por mil habitantes, diz.
Além disso, temos de trabalhar para repor a parte da frota nacional que está sucateada, completa o executivo da FCA.
Brasil Econômico on-line – SP