22/04/2015 às 05h00
Por Chiara Quintão | De São Paulo
A gestora de fundos Paladin Realty Partners Brasil ainda vê o setor imobiliário do país com otimismo, apesar da piora da economia, e informa que tem US$ 200 milhões comprometidos para investir em projetos neste ano. A Paladin também atua, no Brasil, por meio de participação de fundos de private equity no capital da Viver Incorporadora e da you, inc. “Continuamos a acreditar no mercado imobiliário brasileiro com critério de investimento”, afirma o diretorgeral da gestora no país, Ricardo Raoul. O primeiro investimento de private equity da Paladin, no Brasil, foi feito na Even Construtora e Incorporadora, da qual chegou a ter 7%. A gestora saiu do capital da Even em 2009. No fim daquele ano, a Paladin apostou em outra incorporadora de capital aberto, a Viver, quando a empresa ainda se chamava Inpar. Há cerca de dois anos e meio, a Viver deu início à sua reestruturação. A incorporadora vem focando suas atenções na entrega de projetos, na redução de estoques, na venda de ativos, na geração de caixa para reduzir dívidas e na diminuição de despesas e de lançamentos. No último um ano e meio, a Paladin “assumiu um pouco mais a gestão da Viver”, segundo o diretor geral da gestora no Brasil. “Estamos na segunda onda de cortes de despesas da empresa e indo para a terceira, que começará em julho ou agosto. Vamos buscar despesas gerais e administrativas anualizadas de R$ 20 milhões”, conta o executivo da Paladin. À medida que as obras são entregues, é possível reduzir a estrutura da incorporadora, segundo Raoul. No ano passado, a Viver não lançou empreendimentos, e reduziu despesas gerais e administrativas em 23,4%, para R$ 34,7 milhões. A Paladin ainda não prevê o desinvestimento na Viver, de acordo com Raoul. “O plano de desinvestimento precisa ser associado a uma história de sucesso”, diz o executivo, acrescentando que ainda é preciso criar uma nova história para a empresa. “A ideia é tornar a Viver mais parecida com a you, sem construtora”, diz o executivo da Paladin. Na you, inc, a Paladin reduziu, recentemente, de acordo com sua política de desinvestimento, a participação que seu fundo de private equity detinha na incorporadora de 33% para 20%. “Em algum momento dos próximos anos, vamos diminuir, novamente, a participação”, diz Raoul. “A you é o nosso principal parceiro, nosso benchmark”, acrescenta. A incorporadora estima dobrar lançamentos neste ano, para R$ 800 milhões. “Independentemente da participação que o fundo tem na empresa, queremos aumentar o número de projetos em parceria”, diz o diretor da you, Eduardo Muszkat. No total, incluindo projetos em curso e já entregues, os empreendimentos com parceria da Paladin somam 35. A you atua na cidade de São Paulo, com foco em imóveis de um a três dormitórios, de padrões médio e médioalto, com valores de R$ 300 mil a R$ 750 mil. No Estado de São Paulo, a Paladin também tem investimentos em projetos também na Construtora Altana, que atua no Minha Casa, Minha Vida, e na Kallas, que incorpora imóveis com valor enquadrado no início do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). “Nenhuma delas opera na faixa de atuação da you”, diz Raoul. No Rio de Janeiro, a Paladin investe em projetos da Construtora Calper, focada no médio e no alto padrão, e em empreendimentos comerciais e hoteleiros da Even. A Paladin também tem investimentos em projetos da Even no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, a gestora tem aportes em empreendimentos sa Abramar, que atua no programa habitacional. Há conversas com incorporadora residencial local do Paraná para que a Paladin faça aportes em projetos do estado. No Nordeste, a Paladin fechou parceria com a Norcon Rossi para um projeto de Recife e outro de Aracaju. A Paladin tem feito também aquisições, no atacado, de imóveis compactos em estoque, para posterior revenda no varejo. A gestora considera que há oportunidades, no mercado, a taxas de desconto bastante atrativas. No segundo semestre, será feita a captação de Fundo de Investimento em Participações (FIP), em parceria com a Rio Bravo, no valor de R$ 500 milhões. A expectativa é desembolsar os recursos desse FIP em projetos residenciais, comerciais e hoteleiros a partir de 2016. Segundo Raoul, sua única preocupação em relação ao setor imobiliário, no momento, é o nível de captação de recursos da poupança para o SFH.
Valor Econômico – SP