09/04/2015
GABRIEL DE ANDRADE IVO – Economista do Sistema Fecomércio MG
O grande desafio da economia brasileira é o aumento da produtividade, o que traria ganhos de competitividade das nossas empresas.
A relação entre o Produto Interno Bruto (PIB) e o pessoal ocupado é fundamental para tornar as empresas mais competitivas, com maior participação de mercado, maior lucro e melhor remuneração dos colaboradores, proporcionando preços adequados e melhores condições de trabalho.
Estamos acostumados a ouvir que o brasileiro trabalha pouco, mas o problema está na eficiência.
Nosso problema é a eficácia questionável e a baixa eficiência. Eficácia é a medida de alcance dos resultados desejados e eficiência refere-se à relação entre os resultados obtidos e os recursos empregados.
Mas como aumentar a eficiência do trabalho? A resposta está na melhora da administração do tempo das pessoas. Isso é uma questão de tecnologia e dos processos de trabalho.
Já a nossa falta de eficácia é cultural e está ligada aos valores sobre os quais se alicerça a sociedade brasileira. Não se pode dizer que somos ineficazes, mas pode-se questionar aquilo que valorizamos comparativamente às sociedades concorrentes. Por exemplo, no Brasil valoriza-se mais a titulação, o salário e o emprego do que a competência, a produção e o trabalho.
A riqueza de um país deve-se à sua capacidade de gerar produtos e serviços, com a melhor utilização possível dos recursos disponíveis. Assim, o fator-chave para possibilitar o desenvolvimento econômico é o aumento da produtividade.
A economia brasileira ainda precisa percorrer um vasto caminho em termos de produtividade, embora tenha significativos progressos se compararmos à década de 1990, quando houve a abertura econômica.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), para o Brasil crescer 4% ao ano, de 2012 a 2022, será necessário um aumento médio de 3% ao ano na produtividade do trabalho. A baixa produtividade está relacionada à precariedade na gestão das empresas em geral e ao baixo investimento em inovação e tecnologia.
Claro que tudo isso está ligado à expectativa empresarial, que está relacionada diretamente à credibilidade do governo e ao cenário econômico.
A escassez da mão de obra, limitações da infraestrutura, baixo investimento e um ambiente institucional subdesenvolvido dificultam a produção e a competitividade das nossas empresas. Soma-se a isso o custo e a complexidade dos negócios no Brasil, em função de legislação complexa, morosidade judiciária e processos regulatórios ineficientes.
Afinal, o que fazer? O desafio é que as empresas reconheçam esse contexto e se adaptem. A tarefa compreende reavaliar o portfólio, diversificação dos negócios, mercados e segmentos.
Quatro pilares são fundamentais para a criação de valor: gestão de talentos; linhas de automação mais eficientes, enxutas e com alta tecnologia; gestão do valor do produto e eficiência da cadeia de valor.
Uma de nossas tarefas para o futuro é colocar o aumento da produtividade na linha de frente. Para que isso aconteça, a valorização do profissional é imprescindível e o fundamento não está na quantidade de horas de trabalho, mas na relação entre o PIB e o pessoal ocupado, trazendo eficiência as empresas e trabalhadores.
Brasil Econômico – SP